"TEMOS MAIS A ACRESCENTAR DO QUE AS DEMAIS CANDIDATURAS"

Postado às 08h35 deste sábado, 25 de outubro de 2014.
Neste sábado (25), o Blog do ADEMIR QUINTINO publica a terceira de uma série de cinco entrevistas com os candidatos que afirmam que irão inscrever chapas a presidência e ao Conselho Deliberativo do Santos, marcada para 6 de dezembro. O primeiro foi Fernando Silva, o segundo foi Orlando Rollo e hoje é a vez de José Carlos Peres, candidato oposicionista da "Santos Vivo". 

O presidenciável foi o grande responsável pelo estudo da unificação dos títulos brasileiros antes de 1971, até então não reconhecidos pela CBF.

Nos próximos dias serão publicadas as entrevistas com Modesto Roma Junior da "Santos Gigante" e Nabil Khaznadar da "Avança Santos". 

Todas as entrevistas estão sem edição em seus conteúdos ou seja, publicadas em sua íntegra.


- ENTREVISTA COM JOSÉ CARLOS PERES, CANDIDATO A PRESIDENTE DO SANTOS FC.


Ademir QuintinoQuais as razões que levaram o Senhor a ser candidato a presidência do Santos FC?
José Carlos Peres: Ademir, antes de mais nada, agradeço o espaço e te parabenizo pelos 1.000 jogos !!!! Só você e o Pelé tem essa marca. Bem, vamos lá: foram alguns fatores que definiram que eu fosse candidato. Primeiro, minha paixão pelo clube e a consciência de que precisamos retomá-lo para devolvê-lo a quem de direito, seus sócios e torcedores. Segundo, o pedido da ONG Santos Vivo para que eu levasse até o clube um projeto sério, profissional e democrático, com o qual me comprometi. Terceiro, a presença ao meu lado de tantos santistas ilustres, jovens lideranças e muitos sócios que ajudei a trazer para o clube, desde os tempos da ONG, passando pelos tempos da sub-sede que eu dirigia em São Paulo. Com tudo isso, eu seria omisso se não aceitasse.

AQ: Por que o associado do clube deve votar em Peres e não nos demais candidatos?
JCP: Não me julgo melhor ou pior do que ninguém, mas tenho certeza de que a minha experiência de uma vida dedicada ao futebol, aliada à força desse grupo, e ao peso dos apoios que tenho, fazem da minha candidatura algo de que o associado certamente não se arrependerá. As opções estão todas postas, e o associado deverá escolher olhando para o que fizeram pelo clube, mas, principalmente, para o que podem fazer. Acho que nesse quesito, temos muito mais a acrescentar do que as demais candidaturas.

AQ: De que maneira o candidato pretende lidar com a divida do clube?
JCP: De maneira séria, equilibrada, mas não paralisante. Sabemos que as dívidas de custeio são gigantescas e temos visto a irresponsabilidade dessa atual diretoria em lidar com ela, inclusive retirando do próximo mandatário do Santos FC receitas que farão muita falta no início de 2015. Mas não temos medo disso: temos um grupo profissional que já está traçando os cenários possíveis que encontraremos em 1º de janeiro. Lidaremos com esse monstro com todas as armas de que dispomos, inclusive com especialistas em reestruturação administrativa, em renegociação com bancos e em análise dos contratos e dívidas que herdaremos dessa gestão. Faremos uma auditoria profunda para conhecer o tamanho do rombo e, a partir dela, tomaremos todas as medidas necessárias para recolocar o Santos no caminho da saúde financeira. Sei que não é fácil, mas sabemos como fazer.

AQ: Caso vença as eleições, o candidato pretende reformar a Vila, construir uma Arena ou tem uma outra alternativa ?
JCP: Ademir, esse assunto, ainda que importante, não é emergencial. Temos que sanear a casa antes de qualquer coisa. Depois disso, ou ao mesmo tempo, temos que implementar um forte trabalho para trazer o torcedor de volta aos estádios. De que adianta falar em arenas, se nosso público não comparecer ? O torcedor do Santos foi muito maltratado nessa gestão que termina de forma melancólica. Ter um Pacaembu à disposição, para colocar média de 15 mil pagantes e ter a Vila Belmiro para colocar média de 5 mil torcedores não vai melhorar as finanças do clube. O que pretendemos fazer é ouvir o torcedor, saber onde ele está, estudar os mandos de jogos para ter casa sempre cheia, enfim, usar inteligência e respeitá-lo. A reforma da Vila Belmiro está nos nossos planos, qualquer que seja o desejo dos sócios e torcedores em relação a novos estádios. Em 2016, comemoraremos o centenário da Vila e faremos isso para comemorar novamente o centenário do clube, que ficou muito aquém do que todos desejavam. Faremos os estudos necessários, encaminharemos isso para a discussão ampla, e executaremos o que os verdadeiros donos do clube decidirem. Sem loucuras e sem endividamento. Isso posso te garantir, Não venderemos nossa alma para ter um estádio novo.

AQ: Caso eleito, o Santos terá um time competitivo? Vai investir em contratações? Se sim, de que tipo? Ou vai apenas investir na base?
Nosso objetivo, nos três anos de mandato, é ter sempre times competitivos. Está comprovado que somente com times competitivos nossa receita direta com rendas aumenta. É claro que faremos isso de forma responsável, mesclando nossa maravilhosa base, com jogadores contratados para posições chave e com alguns midiáticos. Não faremos loucuras e nem endividaremos o clube como acontece hoje. Não podemos ser os exterminadores do futuro, porque as gestões passam, mas o Santos continua. Seremos absolutamente responsáveis. Se tivermos a sorte que o Luis Álvaro teve, de receber no colo um time que não precisou de quase nada para ser campeão, ótimo. Se não dermos essa sorte, vamos montar o melhor time possível com os recursos que tivermos para fazê-lo.

AQ: O candidato acredita que o Santos tem poucos, muitos ou a quantidade ideal em seu quadro de funcionários? Pretende aumentar ou diminuir esse número?
JCP: Um time de futebol com mais de 400 funcionários não consegue sobreviver. Aliás, nem sabemos ao certo quantos são, mas todos falam nesse número. Se cada presidente eleito se achar no direito de renovar o quadro só porque chegou, os prejuízos serão imensos. Porém, temos que enxugar essa máquina administrativa, eliminando superposição de cargos, com critério, sem caça às bruxas. Os funcionários competentes não precisam se preocupar, pois serão respeitados e valorizados. Pretendo diminuir esse número após um estudo de readequação de cargos e funções, para que fiquemos no ponto de equilíbrio de nossas despesas de custeio. Pretendo entregar o clube ao meu sucessor, já que não serei candidato à reeleição, equilibrado nas contas, e se possível com dinheiro em caixa para os investimentos que o novo presidente tenha que fazer.

AQ: O candidato afirmou no lançamento de sua chapa que não é oposição, nem situação? Como se define então?
JCP: Isso foi uma má interpretação do que eu disse. É claro que a minha candidatura é oposicionista. Só não é raivosa. Não compactuamos com ataques pessoais, com desconstrução das pessoas. Ao que eu saiba, os demais candidatos são todos santistas. Somos oposicionistas consequentes, críticos dessa gestão atual, por tudo que fizeram de errado e por todas as promessas que deixaram no meio do caminho.

AQ: O candidato foi muito criticado pois quando era Superintendente do clube em 2009, mandou uma carta aos dirigentes do SCCP com a seguinte afirmação: "Peguei-me vibrando pela conquista do nosso irmão Alvinegro" após o título da Copa do Brasil pelo clube da capital. Isso pode lhe trazer problemas para conquistar votos durante a campanha? O senhor se arrepende de ter dito tais palavras?
JCP: Ademir, isso chega a ser realmente engraçado. Eu disse isso sim, e talvez tenha sido infeliz na escolha das palavras. Mas insira essa carta no contexto histórico em que foi feita e verá que foi exatamente na época da criação do G4 Aliança Paulista, época em que eu tive dezenas de reuniões com os presidentes e assessorias dos quatro grandes clubes de São Paulo, tentando explicar a eles o modelo, e, principalmente, que poderíamos ser adversários, mas nunca inimigos. Como o primeiro superintendente escolhido por todos fui eu, achava que deveria partir de mim o maior exemplo de respeito para com os clubes que o compunham. Isso volta e meia me rende cobranças. Mas quem conhece a história e não entra na onda de desconstruir pessoas, sabe que a crítica não merece maior atenção. Não fosse um santista apaixonado pelo meu clube, não teria doado 10 longos anos de minha vida e trabalho para pesquisar e elaborar o Dossiê da Unificação dos Títulos Brasileiros, sem nenhuma ajuda financeira dos clubes interessados, e assim em especial, restituir ao Santos FC seis títulos brasileiros que foram ignorados por dezenas de anos.

AQ: O que é o "plano de hospitalidade para a Vila Belmiro" que tem no seu plano de governo? Explique ao associado.
JCP: Temos um problema grave de média baixa de público e isso traz prejuízos diretos e indiretos. Não podemos, entretanto, responsabilizar o torcedor. Se ele não vai ao jogo é porque algo não funciona no mecanismo de “convite” ao evento. Não basta pensar da “catraca pra dentro”, é muito mais complexo que isso. Temos que analisar as diversas variáveis envolvidas que começam com a definição do local, pretendemos revezar os mandos entre capital e Santos não por simpatia ou opinião de jogador, mas com uma metodologia clara e objetiva visando melhores números. A definição antecipada dos mandos permitirá a venda de season tickets (carnês). A questão do acesso é fundamental e por características da nossa torcida, muitas vezes teremos deslocamento intermunicipal. Será que é tão difícil disponibilizar serviço de ônibus ligando uma estação de metrô à Vila e vice-versa se o jogo for em São Paulo? O próprio sistema de venda de ingressos pode vender o serviço. Ainda sobre a venda de ingressos há muito que melhorar disponibilizando ferramentas de internet inclusive aos não sócios, multiplicando pontos de venda. Oferecer aos sócios que possuam cativas e camarotes a possibilidade de disponibilizarem seus lugares quando não forem aos jogos em troca de desconto na renovação para o período seguinte. Finalmente, no caso específico da Vila Belmiro, há um fato interessante. Normalmente, os estádios “brigam” com o entorno imediato, há um conflito urbano. Na Vila é o contrário, a vizinhança se oferece ao jogo, quantas são as casas que se adaptam e viram lanchonetes, estacionamentos etc. Queremos estas pessoas conosco, queremos ajudá-las a se organizarem melhor e queremos ser ajudados por elas a constituir o jogo na Vila como uma experiência completa e inesquecível. Quer saber como receber bem? Converse com quem recebe. O torcedor é ao mesmo tempo convidado e anfitrião. A casa é dele também e, por isso, ele tem de ser ouvido e será.

AQ: O candidato é favor da terceirização de setores importantes do clube como Jurídico e Comunicação? Como avalia o trabalho das terceirizadas até aqui? Se for mantê-las, por que?
JCP: Ademir, o que é essencial não se terceiriza. Jurídico, Comunicação, base de dados dos sócios, futebol de base, etc. Isso tudo tem que estar nas mãos do clube. Não é possível que não enxerguem isso. Há formas mais inteligentes de economizar, se é que foi esse o objetivo. Mas sem perder a ingerência sobre esses departamentos. Terceirizam-se atividades não essenciais, de apoio, que não sejam da essência do clube. Vamos rever tudo isso, o eleitor pode estar certo. Analisaremos os contratos e decidiremos o melhor caminho para o clube, tanto no quesito custo, quanto no quesito qualidade.

AQ: O candidato é favor ou contra o vota a distância para os próximos pleitos no clube? caso eleito, pretende implantá-lo?
JCP: Nunca fui contra o voto à distância, mas é preciso que se faça isso com critério, com estudos, análise de segurança, checando os dados constantes de nossa base de sócios, que foi terceirizada à CSU. Aprovar isso, como pretendeu a situação, com a rapidez que tentaram, era uma temeridade. O Conselho Deliberativo teve uma noite de gala ao arquivar essa tentativa já para esse pleito. Vamos encaminhar todos os estudos e preparar todas as bases para chamar o CD a deliberar sobre esse assunto novamente. E não faremos isso no nosso último ano de mandato. O sócio do clube, seja onde estiver, deve ter o direito de votar no mandatário que deseja. As campanhas serão mais abrangentes, os temas tratados serão mais amplos e profundos, e as decisões, inclusive plebiscitos, serão mais representativos da efetiva base de sócios que o clube tem no mundo. Acho um avanço, desde que o tema seja tratado com bastante responsabilidade e segurança. Encaminharemos esse assunto para estudos e decisão do CD.


                                                   

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