Publicado às 02:12 desta quinta-feira, 02 de novembro de 2023 |
(*) Pedro La Rocca
Depois de quase dois anos, o roteiro se repete - o Santos vence o Flamengo para se distanciar da zona de rebaixamento. Com a terceira virada desde que o Marcelo Fernandes assumiu o time, o Peixe foi à Brasília e venceu o "poderoso" Flamengo por 2x1. Pedro abriu o placar, enquanto Nonato e Joaquim decretaram a vitória Alvinegra.
Sem Basso, que está fora da temporada por lesão, e Marcos Leonardo, suspenso, o treinador promoveu as entradas de Messias e Julio Furch.
Além disso, por desgaste físico, o comandante optou por preservar Dodô e Lucas Lima e dessa maneira colocou Kevyson e Nonato como titulares da equipe Santista.
Apesar de todas as alterações e de jogar com apenas dois zagueiros de ofício, a ideia era manter três jogadores no setor, trazendo o Rincón para ser uma espécie de líbero. A formação se manteve durante os primeiros minutos de partida, depois já foi alterada para o 4-4-2 utilizado no empate contra o Corinthians.
A mudança foi positiva ao Peixe, já que o Arrascaeta estava com muita liberdade para desenvolver seu jogo por dentro.
Ainda bem na partida até aqueles 20 minutos, o Santos viu o seu adversário abrir o placar. Escanteio cobrado na primeira trave, Lucas Braga desviou para o meio da área e Pedro só teve o trabalho de completar para o gol.
Estava nítido que o time sentiu o gol. Recuou muito esperando o time do Flamengo atacar e perdeu a qualidade nas saídas rápidas. Quando voltou a dominar o campo ofensivo, empatou.
Aos 32 minutos, Nonato aproveitou a bola sobrada na entrada da área e acertou a bochecha direita do goleiro Rossi. A origem do gol? Novamente uma falta alçada dentro da grande área - a grande arma de Marcelo Fernandes.
A grande e positiva surpresa para o Santista veio aos 40 minutos. Gerson acertou uma cotovelada em Julio Furch e, após análise do VAR, foi expulso.
Apesar da drástica diferença em posse de bola (71%x29%), o Peixe foi soberano nas finalizações na primeira etapa (6x9). Me surpreendeu. Acreditava num time que abdicaria de jogar - não aconteceu.
No segundo tempo, a posse de bola e as finalizações tiveram domínio Alvinegro, muito pela superioridade numérica em campo.
Sem muito sucesso nas jogadas do último terço, a virada só veio aos 43 minutos da segunda etapa. Joaquim acertou um tiro de canhão do "meio da rua" e decretou a vitória Santista.
Vitória essa que teve quatro desfalques do seu time costumeiramente titular e mesmo assim o elenco respondeu bem às alterações.
Volto a dizer, pode não ser o Guardiola, ou Mourinho, ou Lula, mas o Marcelo tem uma leitura de jogo rara. Além disso, Soteldo foi comandado por seis treinadores desde o seu retorno e só com um está tendo desempenho físico e técnico. Nem vou falar do Carlito que tem feito milagre com essa sequência bruta de jogos.
Em sete jogos, 66% de aproveitamento. Sabe qual treinador, efetivo, além do Marcelo, conseguiu isso na gestão Rueda? Nenhum.
O camisa 10 foi beneficiado pelo Flamengo não contar com Pulgar, ficando assim sem poder de marcação no meio-campo. Inclusive, o Bruno Henrique deve estar procurando o venezuelano até agora, depois da caneta que levou à expulsão do camisa 27.
Taticamente falando, o time sempre se comporta muito bem quando encontra equipes que têm pouca movimentação e\ou não troca passes verticais. Na segunda-feira (06), enfrenta o quarto melhor visitante do campeonato (Cuiabá), às 21h, na Vila Belmiro.
Vale ressaltar a festa da torcida Alvinegra que lotou o seu setor no Mané Garrincha. Roteiro ideal para uma grande virada.
Detalhe, a temporada não acabou, faltam sete batalhas. Faltam, também, oito pontos para os 45. A luta continua.
O Santos é uma força viva, temperada no fragor de batalhas memoráveis.
GOLS: Pedro, aos 20 minutos do 1°T (Flamengo); Nonato, aos 32 minutos do 1°T e Joaquim, aos 43 minutos do 2°T (Santos).
NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS
João Paulo - Nada podia fazer no gol adversário e só fez uma defesa a partir de chute, em toda partida. - 6,0
Lucas Braga - Fez os 20 primeiro minutos abaixo, inclusive falhando no gol, mas depois cresceu e quase nenhuma jogada do adversário entrou pela lateral do camisa 30. Foi expulso no banco. - 5,5
Messias - Como sempre, faz o feijão com arroz. Porém, ainda que lento, fez boas coberturas de descidas do Flamengo pelo lado do campo. Fez seis cortes defensivos. - 6,5
Joaquim - Apesar dos apagões, que foram pouquíssimos, fez mais uma partida gigante e dessa vez jogando pelo lado esquerdo. Foi coroado com um golaço no final da partida. Um monstro. - 8,0
Kevyson - Se soltou em campo à medida que o time voltou a ganhar confiança. Defensivamente foi melhor do que em outras partidas, ficando na vice-liderança do time no quesito. - 6,0
Rincón - Ainda abaixo fisicamente, não à toa saiu no intervalo por tal questão. Inquestionável é a sua liderança e qualidade tática. - 6,5
Fernández - Fez uma das suas melhores partidas no ano, se não foi o melhor. Levou cartão amarelo, para variar. - 7,0
Jean Lucas - Não tem desempenhado bem no tripé do meio-campo. Melhorou no segundo tempo, porque passou a atuar como segundo volante. Ainda falta muito para retomar o futebol que já apresentou. - 5,5
Nonato - Critiquei quando precisou, mas contra o Flamengo preciso ser justo e falar que fez uma grande partida. Como diria Parreira, o gol foi um detalhe, porque num geral fez a sua grande partida desde que chegou, liderando a equipe em desarmes e até como assistente de lateral, numa pequena parte do segundo tempo, foi bem também. - 7,5
Soteldo - O cara da noite. Só faltou o gol. Deu caneta, entrou na mente do Bruno Henrique, deixou a defesa adversária tonta. Tecnicamente é muito diferente. - 9,0
Furch - Prende muito bem a bola. Não foi tão participativo no último terço, pois jogou boa parte do tempo de costas para o gol. - 6,0
Mendoza - Mais um jogo em que o camisa 20 entra bem. Volto a repetir, critico quando merece e os elogios vêm da mesma maneira. Deu uma fumaça para cima do Matheuzinho. Cognitivamente ainda deixa a desejar - não vai mudar isso do dia para noite. - 6,5
Silvera - Taticamente foi importante. Ofensivamente pouco tocou na bola, até porque estava isolado pela direita. - 5,5
Dodi - Entrou muito desligado e dando muitos botes atrasados. Depois saiu de um jogo ruim, para razoável. - 5,0
Lucas Lima - Podia cair mais pelo lado direito para ajudar o Silvera e dar liberdade para Soteldo e Mendoza. Tecnicamente ajudou o time a rodar a bola no campo ofensivo. - 5,5
João Lucas - No final do jogo, quase entrega uma bola de bandeja para o Gabriel Barbosa, ao tentar recuar de peito para o João Paulo. Pode ganhar chance contra o Cuiabá, pela ausência do Lucas Braga. - 4,5
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo e repórter no Esporte por Esporte.
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