Publicado às 21h45 desta segunda-feira, 27 de julho de 2020. |
Curi falou em primeira mão e com exclusividade conosco e
elencou os planos e ações que seu grupo pretende apresentar aos sócios em
dezembro.
Confira abaixo a entrevista:
Confira abaixo a entrevista:
Explique para os leitores quem é Daniel Curi? Qual sua
profissão, sua trajetória profissional e no Santos FC?
"Chamo-me Daniel Nascimento Curi, tenho 48 anos, e sou nascido em uma família de santistas natos. Meu pai, Antonio Curi, é sócio do Santos desde 1948, sempre atuou como conselheiro do Santos desde os tempos da grande gestão feita pelo presidente Rubens Quintas Ovalle. Nossa família participa da vida do Santos há décadas e desde cedo frequento a Vila Belmiro, conheço a história do clube e seus personagens. Ao lado dos saudosos Miguel Pires (que dirigiu o Esporte Profissional da Cidade de Santos nos Governos Justo e Mansur) e do meu tio Zacarias Cury (pai dos meus primos Marcos, Maurício e Matheus), meu pai foi proprietário da Barão Automóveis, uma tradicional loja de carros que funcionava na Rua do Comércio ao lado do antigo Café Paulista. Tanto meu pai como meu tio sempre foram muitos ativos no clube. Sou sócio do Santos desde 1978. Estou no Conselho Deliberativo há alguns mandatos. Presidi a Comissão de Inquérito e Sindicância do Conselho entre 2015 e 2017, ficando durante todo o triênio da Mesa. Atualmente, ocupo o cargo de 1º Secretário do Conselho para o triênio de 2018 a 2020, na primeira vez que foi eleita uma Mesa do Conselho de uma chapa de oposição na história do clube. Na esfera profissional, sou advogado desde 1995. Entre 1990 a 1994 estagiei no escritório do advogado Marcelo Guimarães. Também sou especialista em Direito Processual Civil e Eleitoral, mestrando em Direitos Humanos pela PUC de São Paulo. Atualmente, exerço a presidência da Câmara de Prerrogativas Cíveis da OAB Santos, cargo que também ocupei entre 2013 e 2015. Dirijo meu próprio escritório desde 2013.
Como você virou santista?
"Sabe, na minha casa, sob comando do meu pai, só tínhamos duas opções: Torcer para o Santos ou torcer para o Santos. Tanto eu como meus irmãos, Samir e Luis Antonio, somos todos santistas roxos. Por força e mérito de nosso pai, que soube florescer e alimentar nosso amor pelo Peixe na época das vacas magras pós Era Pelé. Esse é o maior presente que meu pai me deu. Desde pequeno acompanhando o Santos na Vila, Morumbi, onde ele fosse jogar lá eu estava. Amo o Santos Futebol Clube."
Você já fez alguma loucura pelo Santos?
"Olha, várias. Em 1986, por exemplo, com apenas 14 anos fui para Ribeirão Preto de caravana ver o título de primeiro turno contra o Botafogo, gol de Paulo Leme. Também não posso deixar de falar de minhas tatuagens. A primeira que fiz foi em 2002, depois do Santos ganhar o Brasileiro. Estava no Morumbi e prometi que se fossemos campeões iria fazer a tatuagem. Como acabamos com o jejum, acabei cumprindo a promessa. Outra tatuagem fiz nas costas: a imagem do Portão principal da Vila."
Você acompanha o Santos nos estádios pelo mundo a fora?
"Lógico, jogue onde jogar, vou em excursão, com muitos amigos. Já vi jogos da Libertadores, do Mundial, do Brasileiro, da Copa do Brasil e do Paulista por todo o país. Quando jogamos fora gosto de acompanhar na arquibancada, na Jovem ou na Sangue. É uma vibração diferente. Na Vila, tenho minha cadeira nas sociais. Raras vezes assisti derrota do Peixe, dentro ou fora do alçapão."
"Primeiro e principalmente porque não é meu nome que vai gerir o clube sozinho. Fui procurado por grandes alvinegros, amigos de arquibancada e de clube, que estão desenhando um projeto para reconstrução do clube e que identificaram em mim como a pessoa ideal para estar a frente, muito devido a meu histórico no Santos e principalmente meu histórico profissional, como gerenciador de dívidas e especialista em reconstrução financeira de empresas. Sou independente. Não participo dessas associações que viram partidos dentro do clube. Prova disso é que esse grupo tem santistas identificados com todas essas alas do clube e muitos amigos novos e fanáticos que jamais participaram da vida política do clube. Segundo o projeto, eu possuo respeito de todos e serei capaz de presidir o Santos nessa crise administrativa sem precedentes na história do clube, agravada pelo Covid-19. Grandes Peixeiros com décadas de Santos, se juntaram e me escolheram como alguém para personificar esse projeto. Sou grato a confiança dessas pessoas e com apoio deles e de todos os santistas tento total convicção que vamos recolocar o Santos no palco principal do futebol mundial. Temos um projeto de reconstrução bem fundamentado que no momento certo vamos apresentar aos associados. Será uma gestão profissional, com pessoas de mercado identificadas com o clube e compromissadas com o Santos. A situação do clube mostra que o Futebol não pode mais ser gerido por amadores. Precisa de gestão austera, profícua, qualificada e competente. É hora de servir ao Santos e não se servir dele. Se você é santista e tem esse sentimento será bem-vindo ao nosso projeto."
Você pode detalhar mais sobre essa sua especialidade em
administrar e renegociar dívidas empresariais?
"Posso dizer que tenho muita experiência em renegociação de dívidas. Apontar as prioridades em um cenário de crise financeira. Saber o que deve ser pago em primeiro lugar, o que pode ser discutido e renegociado por exemplo. Os funcionários/colaboradores serão sempre prioridades na gestão de uma crise. Na atual situação do clube esse conhecimento pode ser um diferencial importante e vital para o Santos voltar a ser o Santos, e não um clube que deve por todo o mundo e não da satisfação a ninguém, como é hoje."
A dívida do Santos é administrável na sua opinião?
"Toda dívida é administrável. Tenho atuado junto a diversas empresas e vejo isso. Por exemplo, repare o trabalho que fizemos na Santa Casa de Santos, sob comando do meu amigo Ariovaldo Feliciano. Um trabalho de reconstrução que transformou o hospital em referência de qualidade de gestão. O Ariovaldo tem me ajudado muito, é sócio do Santos há mais de cinco décadas e tem analisado nossos balanços e é possível fazer mais com menos na Vila. Basta ter conhecimento, qualidade e competência. Além do Ariovaldo temos outros grandes santistas envolvidos e conhecedores que irão colaborar para colocarmos o Santos nos eixos."
Quem é o padrinho de sua candidatura?
"O padrinho da minha candidatura é meu amor pelo Santos. Não sou laranja de ninguém, nem pau mandado de outras pessoas, empresários, banqueiros ou mesmo agentes de futebol. Tenho opinião própria e já mostrei isso no Conselho do clube. Sou candidato de um projeto bem estruturado, edificado e capaz de recolocar o Santos no topo do futebol mundial. Meu compromisso é com o Santos. E mais ninguém. É claro que estaremos abertos a receber todos os que tiverem boas ideias e bons negócios para o Santos. Porta aberta a todos no clube que tiverem bons negócios para o Peixe. Não apenas aos amigos."
Por você fazer parte da Mesa do Conselho, seu nome está
muito ligado ao do Marcelo Teixeira. Ele não é o padrinho de sua candidatura? Ele
está te apoiando nesse projeto?
"Tenho maior respeito ao presidente Marcelo Teixeira assim como tenho por todos os presidentes do clube, até mesmo pelo Peres. Mas minha candidatura surgiu desses grandes santistas meus amigos. O Marcelo Teixeira é outro grande santista, meu amigo, me honrou em me convidar para trabalhar com ele no Conselho e se ele quiser se unir a nossa ideia e projeto é bem-vindo. Mas não é meu padrinho. É meu amigo e grande santista. E todos os grandes santistas dispostos a somar e não dividir são bem-vindos neste projeto de gestão que queremos implementar no clube."
Se não é o Marcelo Teixeira é o Modesto Roma teu
padrinho?
"Também não. Modesto assim como Marcelo tem meu respeito, mas não são meus padrinhos. Quem tem luz própria não precisa de padrinho. Quem tem projeto, representa ideias, não precisa ser referendado por ninguém. Pois ideias tem simpatizantes e não donos. Princípios são praticados e não determinados. O projeto que vamos implementar no Santos não é do Daniel Curi. Nem do nosso futuro vice, que estamos definindo. É do Santos FC portanto de todos os santistas. Deles e para eles, que são o maior patrimônio do clube."
Quem são esses santistas do seu grupo que lhe apoiam?
"São grande santistas, todos associados, alguns com experiência no clube. Empreendedores, investidores, advogados, jornalistas, ex-jogadores de futebol, contadores, administradores, gente experiente que ama o Santos e que quer colaborar com o clube. No momento certo, essas pessoas serão conhecidas e mostrarão como recolocar o Santos no caminho certo, que é a bola na rede e as contas no azul."
De onde virá o dinheiro para sua campanha?
"Da colaboração pessoal desse grupo de santistas e de outros que simpatizarem com as ideias e o projeto que idealizamos. Não irei aceitar dinheiro de empresários ou de empresas que possuam interesse no Santos. Não vamos fazer política concedendo cargos, aceitando dinheiro de empresários para esses serem beneficiados no Santos depois. Essa política predatória de ter empresários de estimação, ou grupos econômicos estrangeiros foi o que colocou o Santos nessa situação difícil de se administrar que se encontra."
Então você tem empresário de estimação? O que você acha
do trabalho dos empresários do futebol? Como você viu a atuação de empresários
próximos as diretorias nos últimos anos no Santos ?
"Então, não tenho pessoalmente nada contra empresários de futebol. Caso nosso projeto e nossas ideias sejam as vencedoras da eleição, estaremos abertos aos bons negócios para o Santos de qualquer empresário. Não teremos empresários favoritos. Teremos sim negócios do interesse desportivo do Santos que vamos fazer. Empresário não é bandido. E temos que analisar tudo por apenas uma ótica: os interesses do Santos FC. São esses interesses que devem prevalecer."
Você presidiu a CIS de 2015 a 2017. Nesse período teve
dois casos emblemáticos: a expulsão do ex-presidente Odilio e seu CG e a reprovação das
contas de 2015 do Modesto. Em ambas vocês foram criticados pela opinião pública. Isso pode atrapalhar sua candidatura?
"Obviamente que não. O caso do Odílio, apresentamos um parecer técnico e bem fundamentado, sugerindo, ao final, a pena suspensão de todos os envolvidos por um ano dos quadros associativos em razão das contas reprovadas com violações estatutárias. Não vislumbramos provas de desonestidade. Mas o plenário decidiu expulsar, e salvo engano, houve reversão judicial, reconhecendo a correção de nosso parecer . Quanto as contas de 2015, elas foram judicializadas durante todo o nosso mandato na CIS, inclusive com liminar no início suspendendo a reunião que reprovou as contas. Cumprimos com louvor nosso trabalho na CIS, portanto é algo que abona nossa seriedade na conduta dos assuntos do Santos, dentro da legalidade, pois nossas decisões foram reconhecidas pelo Judiciário."
O seu nome e de seu irmão apareceram na propalada
auditoria feita por essa gestão, como pessoas que
recebem do Santos e ocupam cargos de dirigente. Você e seu irmão prestam
serviços advocatícios no Santos FC?
"Importante esclarecer que a atual gestão não fez uma auditoria. E não sou eu que disse isso, foi o Ministério Público de São Paulo no processo que o Peres tentou mover contra a gestão anterior. Foi apenas um relatório de procedimentos que deveria servir apenas para uso interno. O meu irmão Luis Antonio presta serviços para o Santos FC desde 1997, quando foi contratado para cuidar da advocacia tributária pelo então presidente Samir Abdul Hack. Desde então, ele atua no Santos initerruptamente, ou seja, serviu à gestão Samir, Marcelo Teixeira, Luiz Alvaro, Odílio Rodrigues, Modesto Roma Jr e José Carlos Peres. Todos eles renovaram o contrato pois o Luis Antonio Curi é uma autoridade na área do Direito Tributário do país. Fui sócio do meu irmão até 2013 quando separamos nossos escritórios e meu nome foi retirado do contrato social em 2018. Nunca cuidei dentro do escritório dos assuntos jurídicos do Santos. Aliás, bom que se diga, não teria problema algum em cuidar pois estaria defendendo os interesses do Clube e não da pessoa física do mandatário de plantão.
Você e seus primos, Matheus, Marcos e Maurício Cury,
quase sempre estão em lados opostos no Santos FC e em outras entidades. Você
conta com o apoio deles? Já conversou sobre?
"Ainda não falei com meus primos, mas são grandes santistas e quero o apoio dos três, com certeza, pois conheço desde pequeno o amor que todos eles têm pelo Santos. Mas, não é a condição familiar que nos obriga a estarmos sempre juntos. Se eles quiserem conhecer o projeto de nosso grupo e quiser somar forças, são bem-vindos. Se preferirem outro caminho, é uma opção deles e temos todos que respeitar. Mas obviamente quero pessoalmente a presença dos três como de todos os que amam o Santos como nós e são santistas de raiz!"
A atual Mesa do Conselho recebe muitas críticas e é
acusada de proteger a gestão do Peres. O que você pensa sobre isso?
"Acho injusto. A Mesa já mandou dezenas de cobranças e requerimentos a gestão. O plenário aprovou dois impeachments conduzidos por essa Mesa. O plenário reprovou as contas de 2018 e 2019. Se a Mesa defendesse o Peres, essas reprovações não aconteceriam. O problema é que todo mundo cobra que o presidente Marcelo Teixeira, até diante do capital político que ele tem no clube, deixe de lado o fato de ser presidente do Conselho e aja como um imperador. Que vá lá e corte a cabeça da serpente com a guilhotina. E ele, como advogado que também é, tem se portado dentro do que rege o Estatuto e a lei. É a primeira vez na história que o Conselho elege uma Mesa de oposição. Isso não quer dizer que é uma Mesa que dará um golpe no presidente. Mas sim uma Mesa que conduz o Conselho dentro da legalidade do que for melhor para o Santos."
Muitos conselheiros atacam sua postura como muito
agressiva como secretário do Conselho no plenário. O que você pensa sobre isso?
"Sabe o que acontece, me cabe como 1º Secretário controlar o tempo de fala dos conselheiros em plenário. Talvez me apresente rigoroso demais em algumas oportunidades para manter a disciplina dentro do plenário. A ordem sempre deve ser respeitada, e é regida pelo Estatuto e pelo Regimento. Não estou ali para fazer política ou algo dessa natureza. O que nos une é o amor pelo Santos FC e não projetos pessoais ou pessoas."
Qual sua opinião sobre o "movimento de santistas, chamado de Chapão?
"Penso de verdade que o Santos precisa da união de todos os santistas. Mas vejo a política do clube longe de ter esse entendimento. As ofensas nas últimas décadas, de 1995 para cá, são muito fortes e é difícil explicar as pessoas alianças entre homens que, na boca-pequena, acusavam uns aos outros de serem ladrões e maus intencionados. O que o Santos precisa é de um amadurecimento político. Que a discussão seja no campo das ideias e não dos ataques pessoais. E que a ideia ou projeto que for escolhido pelos sócios seja respeitado e incorporado por todos os santistas. Em uma eleição o que está em debate são as ideias. Depois é preciso que todos os santistas remem para o mesmo lado para o clube dar certo. É utópico, mas é como deveria ser."
Como você enxerga as outras pré-candidaturas já postas,
como a do Esmeraldo Tarquínio, Milton Teixeira, Rodrigo Marino, Vagner Lombardi e Fernando
Silva?
"Alguns conheço bem, outros menos, mas são todos os santistas e tenho certeza que todos tem ideias possíveis de serem feitas no clube. Se algum deles quiser trazer essas ideias e projetos para serem incorporados no projeto do nosso grupo, estamos de portas abertas a todos que amam o Santos. Sou independente e novo. Nunca disputei um cargo de presidente no clube. Quero ser uma opção aos santistas, pois entendo que nosso projeto tem a vertente que colocará o Santos nos eixos, com austeridade máxima e futebol bonito, que é a marca registrada de nossa mais que centenária história."
Quais são seus planos para administrar a crise financeira
e administrativa do Santos FC?
"Austeridade máxima com os recursos do clube. Afinal é dinheiro de todos os sócios e não meu. Tem que reduzir ao máximo os erros. Vamos fazer uma política muito austera, priorizando o pagamento dos funcionários e jogadores, além dos fornecedores fieis e renegociar dívidas e tributos, fazendo repactuamentos dentro da realidade financeira do clube. Tenho expertise nessa área e nosso grupo tem contadores, administradores e economistas renomados que já estão se debruçando em cima dos números do Santos para que, desde a posse, sabermos o que é urgente e como resolver no clube."
Sua gestão será transparente?
"A mais transparente da história do clube. Não dá pra fingir transparência e apresentar um portal fora dos padrões internacionais das associações de transparência pública e transformar relatórios sem fundamentação técnica em auditorias. Ao contrário do que é feito hoje em dia, vamos inserir uma gestão profissional, transparente e exemplar. Temos a qualidade humana e o expertise para isso. Não posso sequer cogitar a ideia de sair do mandato mal falado. O meu nome é o maior ativo de minha vida e profissão. Tenho raízes na cidade. Tudo será transparente. Vamos consultar o Conselho e os Conselheiros sempre. Não vamos errar nesse quesito da transparência e retidão dentro do clube."
Quais seus projetos para o Futebol do Santos, que é o
carro chefe do clube?
"A mesma política de austeridade. Fazer mais com menos. O Santos já teve o melhor custo benefício do Futebol brasileiro, sendo o clube que gastava menos com o futebol e conquistava os melhores resultados. Dá pra fazer. É preciso também ter políticas administrativas claras, do clube, e não do treinador do momento. Queremos ter em média 70% do elenco oriundo da base ou com identificação com o clube. Isso é vital. Queremos trabalhar com teto financeiro salarial e de benefícios, que todo treinador e dirigente de futebol tem que cumprir. Queremos também oficializar um modelo de jogo, obviamente com variáveis, mas que quem assistir ao jogo do Santos saberá, pela maneira envolvente e alegre do espetáculo apresentado, que é o clube mais famoso do mundo, casa do Rei do Futebol, em campo."
E o Santos B. Você é a favor?
"Totalmente a favor. Inclusive há torneios para essa equipe como a Liga Paulista e o Brasileiro. Penso que é um time para preparar os jogadores para o time de cima. Uma equipe que pode jogar por todo o Brasil, atendendo com mais frequência a demanda de jogos do Santos em locais onde nossa torcida é forte como Paraná, ABC e Brasília. Um time que pode excursionar pelo mundo a fora. Vale lembrar que o Lucas Veríssimo é cria do Santos B, por exemplo."
E a Base, quais suas ideias?
"Impressionante como a Base está desorganizada e destroçada. Vamos dar total atenção, trazer os ex-jogadores identificados com o Santos de volta a esse departamento. Não dá pra mandar embora nomes como Clodoaldo, Abel, João Paulo, Juari, Nenê e entregar o descobrimento de talentos do Santos para gente que pode ser bom tecnicamente, mas não tem identidade com o clube. São pessoas que virão, farão seu trabalho e irão embora sem compromisso com legado. Nossos ídolos tem história aqui, um de seus principais patrimônios, e sabem que aqui os jovens tem vez. Vamos deixar claro novamente ao mundo a vocação de formador de futebolistas do Santos FC. Para isso vamos direcionar todos os principais investimentos do clube para a Base. É garantir o futuro para salvar o presente. A estrutura da base está frágil. Precisamos de um novo CT para ampliar a capacidade de treinos e times. Estamos desenvolvendo um projeto importante nesse sentido que vai ampliar a capacidade de produção de nossa usina de talentos que é a base do Santos FC. Um CT de fazer inveja a todos os adversários e que vai atrair todos os jovens talentosos do Brasil e do mundo que querem aprender o futebol mágico do Peixe."
Ex-jogadores voltarão para a Base?
"Com certeza, é um pecado o Santos abrir mão do conhecimento de um cara como o Clodoaldo Tavares Santana dentro do seu departamento de Futebol. Precisamos ter nossos ídolos de outrora formando os ídolos do presente e do futuro. Esse é o segredo do Santos FC que fez surgir Robinho, Neymar e outros."
O Marketing é importante como fonte de receita. Você tem
projetos e ideias para isso?
"Muitos projetos, alguns inovadores que iremos apresentar no momento certo e que trarão receitas alternativas que o Santos poderia estar recebendo e não recebe por falta de visão dos dirigentes. Lembro que uns 12 anos atrás um dos itens mais vendidos do Santos FC era o Baleião e Baleinha de Pelúcia. Nunca mais foi feito. Temos que retomar todas as formas de receitas possíveis."
Você acha importante os outros esportes?
"Vital, principalmente o Futsal. Um absurdo o que a atual gestão fez em acabar com o Ginásio Athié Jorge Coury. Um desrespeito ao maior presidente da história do Santos e um pecado na formação de nossos atletas pois é comprovado que o futsal propicia habilidades essenciais para os jogadores de futebol de campo. Nesse sentido, vou procurar a Prefeitura de Santos e tentar uma parceria estratégica na Arena Santos. É um ginásio com amplo espaço, perto da Vila e do CT, que pode ser essencial para o futuro do clube. Quero também manter pelo menos uma equipe de esporte coletivo na primeira divisão do país, pois o Santos tem história mundial em modalidades como voleibol e basquetebol. Mas a ideia é do clube assumir as Modalidades FIFA que são o Futebol, o Futebol Feminino, o Futsal e o Beach Soccer. Queremos ter uma arena própria no espaço de nossa barraca de praia para desenvolver o Beach Soccer e ser referência mundial, tendo até mesmo um bar temático funcionando nesse espaço. Agora que a SPU passou o gerenciamento das praias para a Prefeitura queremos, em parceria com a mesma, consolidar essa ideia. As outras modalidades fora da FIFA iremos desenvolver com parceiros, sem investimentos diretos do clube. Quero também ampliar e criar um setor para os esportes paraolímpicos. O Santos precisa ter compromisso social e é uma área que podemos fortalecer isso com nossa marca. Já temos o goalball, mas penso que devemos ampliar com outras modalidades."
Você acha que o Pelé tem que se aproximar mais do Santos?
"Toda eleição é esse assunto. O Pelé é o Santos. Já deveria ser nomeado presidente de Honra. Basta mudar o Estatuto. Ele tem que entrar onde quiser no Santos sem ser convidado e receber sim para participar de atividades com o clube. Aliás, vou propor no Conselho a liberação de todas as taxas que ele paga como associado no clube, inclusive do camarote que ele andou reclamando na imprensa. Comigo o Pelé entra no Santos sempre. Até porque pra mim, ele e o Santos são uma coisa só. Não precisa dar carteirada."
Quais são suas ideias sobre chapa do Conselho?
"Estamos montando uma chapa que mescle conselheiros experientes e novos conselheiros. Penso que o Conselho precisa ser oxigenado com novos santistas e novas ideias. Não dá pra ser uma praça de guerra política, mas uma casa de representação efetiva dos sócios. Vamos priorizar nomes representativos da torcida e com história no clube em nossa chapa. Mas abriremos espaço para o novo e para as minorias."
Sua chapa terá mulheres no Conselho?
"Sim, temos no Conselho hoje menos de 10 mulheres eleitas pelas três chapas. São apenas seis. Queremos dar mais espaço para as mulheres no Conselho, destinando espaço efetivo para as nossas associadas na chapa. É um compromisso que nosso grupo tem."
Falando em mulheres, e o Futebol Feminino?
"Acho que o Santos retomou o Futebol Feminino em 2015, depois do fracasso do projeto Mermaids da Vila do Luiz Álvaro, de forma muito tímida. Penso que, com a atenção de marketing necessária, dá pro Santos montar o maior time de futebol feminino do mundo. E quero assumir o compromisso com essa modalidade de retomar a briga na Conmebol e na FIFA para que aja o Mundial de Clubes de Futebol Feminino, nos moldes do masculino. Somos o primeiro time campeão da Libertadores Feminina e sonho em ser o primeiro time campeão do mundo dessa modalidade. Penso também que as Sereias da Vila precisam de um CT exclusivo e de categorias de base próprias, além de uma escolinha. Estamos desenvolvendo uma projeto nesse sentido, com parcerias e já pensamos numa área própria para isso."
O que você acha do Estatuto do Santos FC?
"Atualizamos ele recentemente para atender o Profut e perdemos a oportunidade de modernizar ainda mais ele, mudando pontos que tem engessado o clube e suas decisões. Perdemos a oportunidade devido a proporcionalidade e os interesses políticos individuais dentro do Conselho. Precisamos começar a pensar no clube em primeiro lugar."
Você é a favor do Comitê de Gestão?
"Não. Todos os presidentes do clube, desde sua implantação, do Luiz Alvaro ao Peres, são contrários. Sou a favor da decisão colegiada, mas é preciso ter um responsável. Nosso grupo pretende indicar os nomes do Comitê de Gestão no momento de inscrição da chapa. Pretendemos também indicar um candidato a presidente do Conselho Deliberativo, do Conselho Fiscal e das comissões do Conselho no momento do registro da chapa. Entendemos que são órgãos que precisam trabalhar com o mínimo de sintonia com a gestão."
E o estádio? Qual sua opinião? O Santos deve investir
nisso?
"Só vermos a experiência do Corinthians e ver que Estádio tem que ser bem planejado e pensado, como é o Allianz Park. Se tiver um investidor que garanta o clube, acho que devemos pensar em estádio. Se não tiver, a atual situação do clube, financeira e administrativa, não permite esse tipo de extravagância. Mas buscaremos um investidor interessado em dar ao Santos uma arena a altura de seu legado no futebol. O Santos precisa investir mais em estrutura. E vamos focar todo e qualquer investimento para a base, para a formação de atletas. Esse será o investimento nosso direto. Investir no futuro para garantir o presente. Estádio, só com parceiros e pensando em funções multiuso."
Como você sonha em terminar a gestão no Santos caso
eleito presidente em dezembro?
"Minha emoção sonha em fazer o Santos campeão do mundo de novo! É o meu desejo e de todo o santista. E posso garantir a todos que nosso grupo vai se empenhar ao máximo para esse sonho ser realidade. Mas minha razão alerta que o trabalho principal será sanear com austeridade e competência o clube, e deixa-lo redondo para continuar sendo o maior do mundo. Posso garantir que no fim minha razão irá completar sua missão. Já minha emoção não depende apenas do meu esforço individual e do nosso grupo. Mas sim de todos os santistas. Mas, como dizia Raul Seixas, “Sonho que se sonha só, é apenas um sonho que se sonha só. Sonho que se sonha junto vira realidade”, por isso convido todos os santistas a conhecerem nosso projeto que estamos detalhando em um plano estruturado de ações e iniciativas que iremos tomar no Santos. Todas voltadas ao ativo principal do Santos que é seu torcedor. Torcedor satisfeito será a prova de que conquistamos nossos objetivos."