TALENTO JOVEM SALVA ESCOLHAS ERRADAS

Publicado às 22:25 deste domingo, 26 de outubro de 2025
(*) Pedro La Rocca

O Santos já entrou em campo para enfrentar o Botafogo sabendo que terminaria a rodada seguindo como o porteiro da zona. Pelo triunfo do Atlético-MG e a derrota do Vitória, o empate do Peixe em 2x2 lhe rendeu apenas um ponto de diferença para os soteropolitanos e a manutenção em 16°. Correa marcou duas vezes para os mandantes, enquanto Souza e Barreal fizeram para o Alvinegro de Vila Belmiro.

Vojvoda surpreendeu na escalação. Pela primeira vez após nove partidas o treinador optou pela formação com três zagueiros. Aleixis Duarte foi novidade na vaga de Arão para completar o sistema. Ainda na defesa, Souza fez a ala esquerda na vaga de Escobar. 

No meio-campo, Schmidt voltou na vaga do "Trem" Zé Rafael suspenso. Victor Hugo foi a última das novidades, sacando Guilherme do time.

Apesar da ideia de esquema ser interessante por parte do argentino, ele errou completamente ao escolher o posicionamento dos zagueiros. Adonís atuava como terceiro zagueiro no México, mas por dentro. Alexis, que já atuou em linha de três também, estava acostumado a fazer o lado direito. O técnico inverteu as funções.

Vale ressaltar também a passividade do meio-campo Santista, que permitiu Marlon Freitas, um dois melhores lançadores do país, virar o jogo com absoluta liberdade. Isso foi uma constante durante o jogo, deixando Jeffinho várias vezes no mano a mano com Igor Vinícius.

Vojvoda posicionou o time num 5-3-2 sem a bola. Essa formação, se não contar com um dos dois homens de frente para pressionar o volante, ele naturalmente ganha muita liberdade.

Esses erros custaram um dos gols mais rápidos do campeonato, com 22 segundos. Ainda por cima, foi o primeiro tento de Correa com a camisa do Botafogo. 

O lado direito da defesa Santista estava uma mãe, tamanha facilidade que os botafoguenses tinham de criar jogadas naquela região. O segundo gol, também no primeiro tempo, sai numa tabela em cima de Igor Vinícius e Adonís.

Nesse meio tempo, o Peixe havia marcado o gol de empate com Souza, que fez seu primeiro tento como profissional.

Com Alexis amarelado, Vojvoda inteligentemente o sacou no intervalo e promoveu a entrada de Guilherme. Além de evitar uma expulsão, a ideia do treinador era também explorar os contra-ataques, tendo em vista que, apesar do mau resultado naquele momento, o Alvinegro de Vila Belmiro abdicou de jogar. 

Se no primeiro tempo a posse de bola foi parelha, mas positiva ao Santos, na etapa final o Botafogo desgarrou no quesito, tendo a bola por 65% do tempo. Sorte dos visitantes que Brazão voltou a salvar, assim como a base.

Perto dos 25 minutos, Souza mais uma vez é peça chave para o Peixe. O Menino da Vila sofre pênalti e Barreal empata. 

Tenho a suave impressão que se Vojvoda tivesse acertado o posicionamento da zaga e, dessa forma, evitado erros individuais, o resultado pudesse ter sido diferente no Rio de Janeiro.

Como poderia ter sido também diferente o resultado, se não fosse um Menino da Vila. Um jovem jogador. Talento puro. Apesar de ser lateral-esquerdo, Souza é um dos poucos do elenco com capacidade de drible e um contra um. Ponto de equilíbrio num elenco tão desequilibrado e que possui tantos atacantes de drible longo e voluntariedade.

O exemplo do lateral precisa servir para Vojvoda dar mais chances a Bontempo e Hyan principalmente.

Um time finalista de estadual de base por dois anos consecutivos, com jogadores parecidos, não pode ter três atletas jovens apenas numa lista de relacionados para o profissional. A base mais uma vez provando que salva sim.

FICHA TÉCNICA
BOTAFOGO 2 X 2 SANTOS

Competição: Brasileirão Série A, 30ª rodada
Local: Nilton Santos, no Rio de Janeiro
Árbitro: Rodrigo Jose Pereira de Lima (PE)
Cartões amarelos: Chris Ramos, Marlon Freitas, Allan, Alexander Barboza (Botafogo), Aléxis Duarte, Gabriel Brazão, Souza, Luan Peres (Santos)

GOLS: Joaquín Correa, aos 22 segundos, Souza, aos 26, Joaquín Correa, aos 38 minutos do primeiro tempo e  Barreal, aos 24 minutos do segundo tempo

BOTAFOGO: Léo Linck; Vitinho, Newton, Alexander Barboza e Cuiabano (Alex Telles); Danilo (Allan), Marlon Freitas e Santi Rodríguez, Jeffinho (Savarino), Joaquín Correa e Chris Ramos (Arthur Cabral). 

Técnico: Davide Ancelotti

SANTOS: Gabriel Brazão; Igor Vinícius, Adonis Frías, Alexis Duarte (Guilherme) e Luan Peres; Igor Vinícius, João Schmidt, Victor Hugo (William Arão), Rollheiser e Souza (Escobar); Barreal (Caballero) e Lautaro Díaz (Tiquinho Soares). 

Técnico: Juan Pablo Vojvoda

Vojvoda acertou na formação, mas errou no posicionamento dos atletas
NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - Segundo tempo digno do seu futebol. Evitou uma derrota que seria péssima para o time da Vila. - 7,0

Igor Vinícius - Não conseguiu ganhar no enfrentamento com Jeffinho e falhou nos dois gols. Apesar disso, ofensivamente contribuiu com o cruzamento para o gol de Souza. - 4,0

Adonís - Assim como Igor, falha em ambos gol. O primeiro é ainda mais grave, porque está longe da bola e mesmo assim tenta cortar a trajetória dela, deixando Correa livre de marcação. - 3,5

Alexis - Não comprometeu como seus companheiros, mais deixou Chris Ramos livre em diversas oportunidades e levou um cartão cedo e desnecessário. Estava em posição errada. - 4,5

Luan Peres - O mais seguro da defesa. Liderou o time em cortes, interceptações e desarmes. Único titular absoluto do miolo de zaga. - 6,0

Souza - Partida para nunca mais sair do time titular. Primeiro gol como profissional, pênalti sofrido após jogada de mano a mano. Muito talento tem o menino. Tem repertório no cruzamento, no posicionamento e é driblador. - 7,5

Schmidt - Pela ausência de marcadores, precisou se esforçar mais, tanto que chegou ao final do jogo muito cansado. Pela linha de três zagueiros, não precisou baixar muito para sair jogando. - 6,0

Victor Hugo - Começou muito bem, porque o Santos era presente no campo ofensivo. A partir do segundo tempo, ficou sem função, já que não é um exímio marcador. - 5,0

Barreal - Não se esconde do jogo, mas bem longe daquelas suas grandes atuações. Começou como meio-campo pela esquerda, aproximando-se a Souza e terminou como secretário de lateral pela direita. - 5,5

Rollheiser - Muito participativo no primeiro tempo, nada no segundo. Time precisa da bola e fazer jogo associativo para lhe favorecer. - 4,5

Lautaro - Teve uma grande chance aos 43 minutos, mas poderia ter carregado mais a bola. - 4,5

Guilherme - Puxou contra-ataques com êxito, mas na hora de tirar o 10, pecava muito nas tomadas de decisão. - 4,5

Tiquinho - Não recebeu nenhuma bola para finalizar. Todas para puxar contra-ataque. - 5,5

Escobar - Não comprometeu apenas. - 5,0

Arão - Mesmo em pouco tempo já demonstra estar melhor fisicamente. Quando entrou o camisa 15, acabou a farra mandante por dentro. - 6,0

Caballero - SEM NOTA

 (*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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