FORA DA ZONA, MAS AINDA PREOCUPANTE

Publicado às 01:41 desta terça-feira, 05 de agosto de 2025
(*) Pedro La Rocca

Após três partidas consecutivas sem vitória no Brasileirão, o Santos voltou a conquistar os três pontos - no seu retorno ao Morumbis como mandante. O Alvinegro recebeu o vice lanterna Juventude e, apesar da atuação lamentável, 3x1 foi o placar final. Neymar (duas vezes) e Barreal marcaram para o Peixe, enquanto Wilker Ángel descontou para os gaúchos.

Xavier fez três alterações no time titular. Basso no DM, Rincón suspenso e Deivid por opção foram os preteridos. Gil, que não era titular há três meses, Bontempo (esse não começava um jogo desde 12/05) e Tiquinho voltaram a marcar presença no 11 inicial.

O treinador que repito, já caiu, só não definiram a rodada, mais uma vez mostra a incoerência e inexperiência. Primeiro como gestão de grupo, segundo na questão técnica. Gil até outro dia era quinta opção para a zaga e num jogo que teoricamente o Santos jogue no campo adversário, não pedia suas características.

A abertura do placar só não partiu do lado jaconero, porque os atletas carecem de qualidade técnica e Brazão estava monstro, especialmente no mano a mano. O que a defesa Santista levou de facão nem o melhor dos chefes de cozinha explicam.

Fato é que o Juventude, penúltimo colocado, com até então um gol marcado fora dos seus domínios, estava se sentindo em casa. Tanto que terminou o jogo com mais posse de bola e mais finalizações. Curiosamente, foi a partida com mais finalizações da equipe gaúcha no campeonato (20).

No estádio estava nítido que o Alvinegro era dividido em dois blocos: cinco defendem e cinco atacam. Mas o coração de um time de futebol está no meio-campo, que em diversas oportunidades inexistiu. 

As jogadas mais interessantes partiam de jogadas de aproximação pelos lados do campo. Rollheiser, Bontempo e Igor Vinícius pela direita; Barreal, Neymar e Souza pela esquerda. São atletas de mais capacidade técnica do que física e de velocidade - exceção ao Igor.

Faltava o cara do drible para receber no mano a mano uma virada de jogo - como acontecia com Soteldo em 2019.

Jogar com esses jogadores em bloco baixo e dando a bola ao adversário, ou seja, longe da meta a ser atingida, nunca vai dar certo. É negligenciar as características do seu elenco. Por isso que os contra-ataques do Peixe começavam no Ano Novo e terminavam no Dia dos Pais. 

Extrair o melhor de cada atleta é a primeira tarefa do treinador - antes mesmo de aplicar seu estilo. O atual comandante não está sabendo fazer isso, pelo contrário, eu já vi versões melhores de todos os atletas Santistas. A exceção pode ser Souza, mas pela primeira vez recebe sequência como profissional.

Por fim, para não dizer que esqueci. Falar que o elenco é desequilibrado é chover no molhado. Mas a diretoria não vê que para repor um zagueiro tem que usar a quinta opção? Que não tem homem que una drible e velocidade para atuar pelos lados? Pode ser Robinho Jr., mas ainda precisa maturar e o treinador não coloca o guri contra o penúltimo vencendo por dois gols, preferindo dobrar lateral. 

Resultado de um jogo só não pode definir permanência ou saída. Se não tem confiança no trabalho, encerre-o. 

FICHA TÉCNICA
SANTOS 3 X 1 JUVENTUDE

Local: Morumbis, em São Paulo (SP)

Árbitro: Paulo Cesar Zanovelli da Silva (MG)

Cartões amarelos: Marcos Paulo, Wilker Ángel e Caíque (Juventude) / Gabriel Bontempo, Rollheiser e Neymar (Santos)

Público: 37.485 torcedores

Renda: R$ 2.853811,25

GOLS: Neymar, aos 36' do 1ºT e aos 34' do 2ºT, e Barreal, aos 39' do 1ºT (Santos) / Wilker Ángel, aos 45' do 1ºT (Juventude)

SANTOS: Gabriel Brazão; Igor Vinícius (Caballero), Gil, Luan Peres e Souza; João Schmidt (Zé Rafael), Gabriel Bontempo e Neymar; Rollheiser (Mayke), Barreal (Escobar) e Tiquinho Soares (Luca Meirelles).
Técnico: Cléber Xavier

JUVENTUDE: Ruan Carneiro; Reginaldo, Wilker Ángel (Abner), Marcos Paulo e Marcelo Hermes; Caíque (Giraldo), Jadson e Mandaca; Ênio (Marlon), Gabriel Veron (Batalla) e Gilberto (Gabriel Taliari).
Técnico: Gerson Ramos (interino)

Mayke fez a sua estreia no Santos
NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - Depois que falhou no gol irregular do adversário, voltou a ser o goleiro que pedimos a ida à Seleção. Evitou um desastre na capital. - 7,0

Igor Vinícius - Teve três oportunidades de finalizar, mas desperdiçou todas. Tem muito vigor físico e velocidade. Foi bem aproveitado como válvula de escape, mas não concluiu da melhor forma na maioria das vezes. - 6,0

Gil - Apesar da baixa velocidade, foi bem nas coberturas quando exigido. Sem ritmo pelo fato de não ser titular há três meses. - 6,0

Luan Peres - Falhou no gol adversário. A bola aérea, quesito que vem tendo um bom aproveitamento, voltou a assombrar o camisa 14. - 5,0

Souza - Falar da sua qualidade é chover no molhado. Deve estar fazendo curso de marcação com Escobar, evoluiu muito no quesito. - 6,5

Schmidt - Deu três contra-ataques para o adversário no primeiro tempo. Teve 74% de aproveitamento no passe e perdeu cinco de nove duelos. Sempre atrasado. - 4,5

Bontempo - Apesar do buraco no meio-campo, consegue com um simples drible de corpo tirar dois ou três marcadores. O Menino da Vila + Rollheiser podem fazer uma maravilhosa dobradinha de aproximação pela direita e por dentro. É ele e +10. - 7,0

Neymar - A semana livre fez bem para o craque, que se mostrou melhor fisicamente. Se dá muito bem no Morumbis, são 11 gols em 10 jogos no estádio. - 7,5

Barreal - Perdeu gols incríveis, fez o seu, mas como é bom tecnicamente o argentino. Assim como Rollheiser e Bontempo formam grande dupla pela direita, ele pode fazer em trio com Neymar e Souza pela esquerda. - 6,5

Tiquinho - No seu estilo. Fez o pivô do futsal. Jogar em bloco baixo e sem a posse mata seu futebol. - 6,0

Rollheiser - Finalizou a bola que sobrou para Barreal fazer o segundo gol. Apareceu bem quando recebeu aproximação. Se fizer jogo de transição, não vai render nunca aberto pela direita. Deixava uma avenida para o lateral adversário. - 5,5

Mayke - Melhor na lateral do que na ponta, onde pouco apareceu. - 5,5

Caballero - O fato do Peixe ter abdicado da bola favoreceu seu futebol, porque tinha espaço. Não gostei das conclusões das jogadas. - 5,5

Zé Rafael - Começou desligado, mas depois conseguiu controlar a posse, que era majoritariamente adversária antes da entrada do "trem". - 6,0

Luca Meirelles - Assim como o ataque do Juventude, não para de fazer facão um segundo sequer. Dá mobilidade e qualidade. Se tem algum Menino da Vila que merece mais minutos, é o camisa 79. - 6,0

Escobar - SEM NOTA

 (*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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