ESPERAR ATÉ CAIR?

Publicado às 20:24 deste domingo, 01 de junho de 2025
(*) Pedro La Rocca

Não há como defender qualquer tomada de decisão da comissão técnica do Santos. Nem venha falar em evolução, porque isso não vale três pontos. O Botafogo, que não tinha uma vitória e nenhum gol marcado fora de casa, venceu o Peixe por 1x0. Artur, ex-Palmeiras e Bragantino, marcou o único gol do jogo.

Xavier fez três mudanças e inovou na escalação. O retorno de Zé Ivaldo, na vaga do suspenso Luan Peres, foi a única alteração "normal". Escobar foi testado na lateral-direita no lugar de Godoy. Neymar jogou de centroavante na vaga de Deivid Washington. 

O Santos teve o resultado controlado durante toda partida, especialmente no primeiro tempo. O Botafogo teve 65% de posse de bola, mas Brazão não fez nenhuma defesa importante. Apesar de tudo, os mandantes tiveram 10 finalizações - o dobro do adversário.

O time de Xavier conseguiu os melhores lances quando abusou da genialidade de Neymar e a visão de jogo de Rollheiser. Coletivamente, idem nas duas etapas, a equipe segue pobre de ideias.

No segundo tempo, o Alvinegro soube se aproveitar da velocidade de Guilherme nos contra-ataques, mas sempre produzindo pela individualidade, mas nunca pelo trabalho em equipe. 

Dos 62 aos 74 minutos, o Santos vivia seu melhor momento no jogo, mas tomou dos maiores baldes de água fria. Neymar cometeu um ato infantil, para não dizer algo além. 

Desnecessário colocar a mão na bola. Perto do lance, achei que o desespero de marcar bateu e realmente pode ter acontecido. Mas ele estava muito distante do lance e poderia ter pesado o lado racional, de alguém muito vivido e sendo capitão do time. 

Cléber Xavier, que não tem experiência nenhuma como treinador, e se diz vivido por ter 37 anos alternando como técnico de base e auxiliar, deu campo e o meio para o Botafogo jogar e dessa forma o time carioca abriu o placar aos 85 minutos.

Treinador que quer priorizar a defesa antes do ataque, quando o time marca dois gols nos últimos sete jogos é muito preocupante e mostra, que hoje a necessidade do clube urge um comando tarimbado que consiga tirar o melhor de cada jogador.

Não serei eu que vou dizer se um profissional tem que ser mandado embora ou não, mas quando se vê algumas situações, como: Barreal de ponta, jogo posicional com o próprio camisa 22, Neymar e Rollheiser no time, jogo reativo dentro de casa e a incapacidade de se reinventar pós-expulsão, eu não consigo também defender a continuidade de um trabalho.

Mudar enquanto é tempo. São 10 dias de preparação para o jogo contra o Fortaleza e depois a parada de um mês para o Mundial de Clubes. É a janela que pode salvar o clube. Que a diretoria, que já errou além da conta, possa corrigir a rota de um Santos que tinha um destino e tomou um caminho inverso.

Se precisamos sempre caçar um culpado, dessa vez, apesar de ter maior parte dela, não foi só o treinador. Neymar teve atitude irresponsável e deixou o time na mão quando ele mais precisou na partida, mas não é um jogo isolado na competição que vai mudar a história dele - mas esse pode ter sido seu último jogo com a camisa Santista. 

Não vai pegar legal se o camisa 10 não renovar o contrato, principalmente após o que aconteceu nessa tarde de domingo. Ficou claro que se está ruim com ele, pode ficar muito pior sem ele. A saída da zona de rebaixamento passa muito pelo seu camisa 10 e agora, mais do que nunca, sua renovação se faz urgente para os dois lados.

O Santos venceu apenas dois times no Brasileirão, tem oito pontos de 33 disputados e marcou apenas duas vezes sob o comando de Xavier. Precisa-se de 37 pontos em 81 disputados - um aproveitamento de 45,6% -, para um time que conquistou 24,2% dos pontos até agora.

FICHA TÉCNICA
SANTOS 0 X 1 BOTAFOGO

Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Árbitro: Davi de Oliveira Lacerda
Cartões amarelos: Escobar, Neymar e Zé Ivaldo (Santos); Alex Telles (Botafogo)
Cartão vermelho: Neymar, aos 29' do 2ºT (Santos)

Gols: Artur, aos 40' do 2ºT (Botafogo)

SANTOS: Gabriel Brazão; Escobar, Zé Ivaldo, Basso (João Schimidt) e Souza; Tomás Rincón (Pituca), Zé Rafael (Deivid Washington) e Rollheiser; Neymar, Barreal (Tiquinho Soares) e Guilherme
Técnico: Cléber Xavier

BOTAFOGO: John; Vitinho (Elias Manoel), Jair, David Ricardo e Alex Telles; Gregore, Marlon Freitas e Allan (Santiago Rodríguez); Artur, Savarino e Rwan Cruz (Nathan Fernandes)
Técnico: Renato Paiva
Assim como Neymar salvou tecnicamente, colocou tudo abaixo sendo expulso

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - Não trabalhou. O gol sofrido é dos mais difíceis para o goleiro. Hora da tomada de decisão e infelizmente escolheu a errada. - 5,5

Escobar - No primeiro tempo o Botafogo não trabalhou com ponta-esquerda de ofício. Improvisado, sofreu quando o drible adversário era para linha de fundo, mas por dentro desarmava. Isso por estar jogando de pé trocado. - 5,5

Zé Ivaldo - Tem seus lampejos na saída de bola, mas tem mais errado do que acertado. Perdeu sete vezes a posse, isso tocando 44 vezes na bola - muito para um zagueiro. - 5,0

Basso - Garanto que fez sua melhor partida com a camisa Santista. Ganhou seis de oito duelos. É discutível se falhou no gol, mas o adversário estava com dois centroavantes no mano a mano com os zagueiros do Peixe. Falta de leitura do treinador. O fato do Santos jogar com linhas baixas não pede sua velocidade e isso é bom para o camisa três. - 6,5

Souza - Sofreu na marcação de Artur quando não tinha dobra de marcação, porque o lateral também subia. Ofensivamente tem muito futuro. Este eu acompanho desde o sub-17 e sempre teve capacidade na frente. - 6,0

Rincón - Saiu lesionado com cinco minutos do segundo tempo. Menos participativo que Zé Rafael. - 5,5

Zé Rafael - Um dos pilares quando o Peixe pressionava a saída de bola adversária. Joga na posição certa, porém o time com Xavier não propõe jogo. Quatro desarmes, sete duelos de oito vencidos e um preenchimento de espaços maravilhoso. - 6,5

Rollheiser - Um dos óasis na criação de jogadas. Repito o que digo desde sua chegada: precisa e tem capacidade de finalizar mais. - 6,0

Barreal - Está jogando na posição errada. Seus principais lances foi quando estava por dentro. Precisa de um jogo associativo e não atuando pela direita do ataque. - 5,0

Neymar - Foi irresponsável ao ser expulso com 29 minutos. Fazer o que ele fez com 19 anos é uma coisa, com 33 e sendo capitão e ídolo dos companheiros é outra completamente diferente. Dito tudo isso, é o resquício de qualidade na frente que resta ao Peixe. - 4,5

Guilherme - No começo deixou Souza na mão na marcação, depois acertou. Ofensivamente só apareceu no segundo tempo. - 4,5

Pituca - Não deixou a peteca de Rincón cair. Apesar de entrar pela direita sendo canhoto, como primeiro volante e fazendo as coberturas seu futebol cresce. - 6,0

Bontempo - SEM NOTA

Tiquinho - SEM NOTA

Deivid - SEM NOTA

Schmidt - SEM NOTA
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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