NA DEGOLA POR TEMPO INDETERMINADO

Publicado às 00:54 desta terça-feira, 13 de maio de 2025
(*) Pedro La Rocca

Segundo pior time do campeonato e sem perspectiva de se ver longe da zona da degola, porque já são quatro pontos que diferem o Peixe do 16º colocado. O empate sem gols, com gosto de derrota, para o Ceará só reflete a falta de planejamento da equipe Santista desde que confirmou seu retorno à elite ainda em 2024.

Com mais de 35 mil torcedores presentes no Allianz Parque, o técnico Cléber Xavier mexeu no time com três alterações. Luisão e Deivid foram ao banco de reservas, enquanto Schmidt foi fazer companhia a Guilherme e Neymar no DM. Aderlan, Bontempo e Tiquinho foram as novidades entre os titulares.

Quando eu digo que o problema do clube vem dos bastidores, refletindo nas quatro linhas, não é em vão. 

A instituição brasileira mais reconhecida ao redor do planeta por revelar jogadores jovens, deixa de fora dois meninos da Vila promissores, para que o mais velho Verón, mesmo com os públicos problemas das últimas semanas, recebesse como prêmio a volta para o banco de reservas.

"Ele teve uma punição administrativa e uma punição esportiva. Como eu tinha a semana cheia, trabalhei bastante com os dois. São dois jogadores interessante, tanto ele quanto o Xavier. Entendi que ele, mesmo pressionado, para este jogo me daria um pouco mais, como ele deu nos treinamentos. A gente vai avaliando dia a dia para ver como a gente vai definir, agora que a gente tem mais gente no grupo, as convocações para o próximo jogo", disse Xavier.

O problema é que essa tem que ser uma decisão institucional, e não do treinador - que teoricamente vai relacionar quem treina melhor e assim faz a função dele. São tantos cargos no Santos, será que ninguém pode chegar no comandante e proibir a volta do jogador ao banco, já que foi indisciplinado e tem o menino Xavier pedindo passagem e que, pelo menos financeiramente, pode salvar o ano do clube?

Coloco o mesmo questionamento para a preferência por Godoy ao Chermont. Quem pode dar mais retorno ao clube? Se o argentino fosse uma sumidade técnica, tudo bem, mas está longe de ser o caso.

Sobre o jogo em si, se é que o professor Xavier pode tirar alguma lição, é que não existe em 2025 jogar num 4-2-4. Ele simplesmente enfiou Thaciano na linha defensiva do adversário e deixou Rincón e Bontempo com toda responsabilidade do meio-campo. O Menino da Vila se destaca por outras e várias virtudes, mas não por ser um coordenador de jogadas.

A ideia de ter espaço livre para Rollheiser flutuar na teoria faz sentido, mas na prática necessita-se de um jogador para fazer jogo associativo com o argentino, caso contrário ele fica preso contra dois marcadores, mais o zagueiro e volante na cobertura.

A criação Santista foi tão nula, que só foi acertar o gol adversário com Tiquinho aos 71 minutos e foi o único arremate certeiro do time de Xavier. Brazão fez seis defesas, contra apenas uma de Fernando Miguel.

Não posso condenar quem diz que do meio para frente sobram opções - apesar da péssima distribuição delas -, mas fato é que o elenco montado é extremamente desequilibrado. A alternativa que Xavier teve na reta final foi o desespero, tirando volante colocando atacante e depois vendo que o único homem de velocidade no banco era Verón, precisou colocá-lo.

A melhor jogada de armação do Peixe foi feita pela equipe adversária, com o zagueiro Marllon lançando Deivid em velocidade, mas Willian Machado foi perfeito no corte. 

Espero que o treinador aproveite mais uma semana livre para esquecer essa ideia de 4-2-4 e que o verdadeiro problema da equipe está na inferioridade numérica do meio-campo - uma ideia que não se faz mais presente nos dias de hoje.

Além disso, que a diretoria esqueça o discurso de trabalho sólido e mude a rota, pois o nível de acerto nas contratações na parada para o mundial terá de ser altíssimo, ao contrário do que aconteceu em 23, quando nessa mesma rodada o Alvinegro tinha o dobro de pontos.

FICHA TÉCNICA
SANTOS 0 x 0 CEARÁ


Local: Allianz Parque, em São Paulo (SP)
Árbitro: Felipe Fernandes de Lima (MG)
Cartões amarelos: Rincón (Santos) / Lucas Mugni e Fernando Sobral (Ceará)
Público: 35.240 torcedores
Renda: R$ 2.806.052,90

SANTOS: Gabriel Brazão; Aderlan (Leo Godoy), Zé Ivaldo, Luan Peres e Escobar; Tomás Rincón (Zé Rafael), Gabriel Bontempo (Deivid Washington) e Rollheiser; Thaciano (Barreal), Soteldo e Tiquinho Soares (Gabriel Veron).
Técnico: Cleber Xavier

CEARÁ: Fernando Miguel; Fabiano Souza (Rafael Ramos), Marllon, Willian Machado e Matheus Bahia; Dieguinho, Fernando Sobral (Lourenço) e Lucas Mugni (Rômulo); Galeano, Pedro Henrique (Bruno Tubarão) e Pedro Raul (Lelê).
Técnico: Léo Condé
35.240 Santistas marcaram presença no primeiro jogo do Peixe como mandante no Allianz

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - Fez duas grandes defesas na reta final que evitaram uma tragédia maior. Muito bem nas saídas de gol. - 7,0

Aderlan - Taticamente fez um bom primeiro tempo. Compôs uma linha de três na saída de bola. Está ainda sem ritmo e caiu fisicamente na segunda etapa. - 5,5

Zé Ivaldo - Fez ótimas recuperações nas costas de Godoy que se mandou na reta final, mas assim como metade do time, cansou nos últimos minutos. - 5,5

Luan Peres - A saída de bola do time cresce com o camisa 14, porque consegue ganhar campo e conduzir a bola. Apesar da menor estatura, brigou bem contra o forte Pedro Raul. Pode diminuir as bolas longas. - 5,5

Escobar - Precisa dar mais quando o time tem a necessidade de propor jogo e se atirar na última linha adversária. Foi presa fácil para o ponta adversário. - 5,0

Rincón - No primeiro tempo fez coberturas maravilhosas. Tem mais velocidade que Schmidt. Caiu fisicamente na segunda etapa. - 6,0

Bontempo - Começou desligado, mas depois cresceu na partida. Assim como outros, pode chegar mais próximo à área e finalizar. - 5,0

Rollheiser - Foi o melhor do Santos na primeira etapa, mas caiu demais no segundo tempo - muito pela parte física também. Já finalizou mais do que nas últimas partidas. Quando joga pela direita, precisa receber mais aproximação. - 5,5

Soteldo - Endosso o que disse na primeira parte sobre Rollheiser - ótimo primeiro tempo, mas cansou no segundo. Maravilhoso no um contra um, mas pecou demais nas tomadas de decisão. - 5,0

Thaciano - Para termos ideia da sua ineficiência como centroavante, teve quase quatro vezes menos ações com bola do que o goleiro Brazão. - 4,0

Tiquinho - Maravilhoso como pivô preparador de jogadas, mas naquilo que manda o manual do centroavante, não foi bem. Único a finalizar no gol pelo Peixe, mas numa oportunidade que não poderia ser perdida, sem contar outras que preferiu pisar para outro companheiro ao invés de finalizar. - 4,5

Barreal - Entrou como ponta e pela direita - não é a dele. Atua melhor como terceiro homem de meio. - 4,5

Godoy - Bem no posicionamento, mas pecando na tomada de decisão. - 5,0

Deivid - Teve apenas duas oportunidades. Uma deu um passe forte demais para Godoy e na outra mérito de Machado, impedindo que o Presidente saísse na cara do gol. - 5,0

Verón - SEM NOTA

Zé Rafael  SEM NOTA
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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