MUDAR EM QUANTO HÁ TEMPO

Publicado às 23:56 deste domingo, 18 de maio de 2025
(*) Pedro La Rocca

Se é que há uma luz no final do túnel Santista, ela já começa a falhar e ficar distante nos olhos do torcedor. De um passado maravilhoso, um presente sem perspectivas e um futuro cada vez mais em cheque. Brasileirão o alimento são os pontos e a bola pune - e puniu o Alvinegro de Vila Belmiro que saiu derrotado de Itaquera, com um placar mínimo para o Corinthians. Yuri Alberto foi às redes.

Cléber Xavier fez três alterações no time titular. Aderlan, ficou de fora por questões pessoais, jogou Godoy. Bontempo e Thaciano ficaram no banco de reservas por opção técnica e deram vaga para Zé Rafael e Barreal.

O jogo que parecia prever uma tarde trágica para o Santos, começou animando seu torcedor a partir do momento que Dorival Jr improvisa um zagueiro na lateral no setor onde estaria Soteldo - que infelizmente não teve sua melhor versão.

Mesmo assim, o Peixe conseguiu construir três boas jogadas em 32 minutos. Com Zé Ivaldo, aos 20, a melhor delas. O zagueiro cabeceou com absoluta solidão quase embaixo da trave, mas errou o alvo. Antes, Soteldo teve uma tomada de decisão errada já dentro da área e depois Barreal também finalizou com perigo.

As duas últimas com Zé Ivaldo e Barreal, a partir de cruzamentos, situação que o adversário levou oito, dos seus 18 gols entre Brasileirão e Sul-Americana na temporada. Após esses dois lampejos, o time Santista não soube explorar o calcanhar de aquiles do seu rival.

O filósofo sábio e contemporâneo Muricy Ramalho já diria: "a bola pune". De fato este esporte não tolera desaforo. Com sua pior campanha na história do Brasileirão até o momento, na penúltima colocação, não se pode perder chances como perdeu o Alvinegro.

Um primeiro tempo muito organizado do Peixe e criando oportunidades. Zé Rafael e Rincón dão aula de preenchimento de espaço, apesar da idade do general ser avançada. Dos quatro chutes do Corinthians no primeiro tempo, dois foram bloqueados no meio do caminho. 

Mas quem dera o Peixe voltasse com o mínimo dessa organização para a etapa final. O adversário dominou completamente a partida, aumentou em 5% a posse de bola e viu sua torcida gritar olé.

Quando Dorival percebeu que estava perdendo o meio-campo e aproveitando o cansaço de Zé Rafael, trouxe Carrillo por dentro e abriu o volante José Martínez na ponta-direita. Por ali saiu o gol adversário aos 65 minutos, com cabeceio de Yuri Alberto. 13° gol de bola aérea sofrido pelo Santos na temporada.

Com 79 minutos, Escobar foi expulso. Ali acabou o jogo. Como foi desprovido de inteligência o argentino. Não só pelo fato do cartão, mas quis simular um empurrão com o time precisando do resultado. Completamente desnecessária a atitude do atleta.

É inaceitável, na situação que o clube vive na tabela, passar três jogos seguidos sem marcar um mísero gol. Se fosse por falta de qualidade dos seus atletas, tudo bem, mas é pela ausência de tentativas. Passa muito pela falta de confiança, mas se tornou algo exagerado já. 

Dar a primeira finalização de fora, das duas no total (sendo uma de falta), com apenas 84 minutos é um absurdo.

Nas oito rodadas anteriores, em apenas uma o Corinthians tinha saído ileso de gols sofridos - tomou em todos os outros. Mas isso voltou a acontecer na partida contra o Santos. 

Não quero nem entrar no mérito que a diretoria vai ter que fazer a melhor janela de transferências da história do clube se quiser mantê-lo na primeira divisão. Falar tudo isso é chover no molhado.

O detalhe que fica e preocupa é e deixo a reflexão aos leitores: o clube hoje enche uma mão inteira com possibilidades de transfer ban por falta de pagamento: Caixinha, Patrick, Jean Lucas, Joaquim e Basso. Se conseguir contratar, não vai ter dinheiro para pagar essas pendências e vem o banimento. Se acertar as dívidas, não contrata.

Nunca foi tão difícil a situação do Alvinegro mais famoso do mundo, que caminha a passos largos para voltar ao lugar que não é de merecimento da instituição, mas desde que ficaram 35 dias sem treinador e fazendo o planejamento com diretor que nem está mais no clube, fazem vestibular para tal feito.

Eu já nem sei se Cazuza cabe mais nessa situação. Porque eu vejo um futuro muito pior e mais preocupante que o passado. 

Faltam 87 pontos em disputa, o Peixe tem que fazer 40. Aproveitamento de 45,9%. E não dá para dar uma de titãs, porque o acaso não protege quem brinca com o perigo no futebol.

FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 1 x 0 SANTOS

Local: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Cartões amarelos: Igor Coronado e José Martínez (Corinthians); Zé Rafael, Escobar, Zé Ivaldo e Luan Peres (Santos)
Cartão vermelho: Escobar (Santos)

GOL: Yuri Alberto, aos 20’ do 2°T (Corinthians)

CORINTHIANS: Hugo Souza; Félix Torres, André Ramalho, Cacá e Angileri; Maycon; José Martínez (Talles Magno); André Carrillo (Ryan), Igor Coronado (Raniele) e Breno Bidon (Romero); Yuri Alberto.
Técnico: Dorival Júnior

SANTOS: Gabriel Brazão; Léo Godoy, Zé Ivaldo, Luan Peres e Escobar; Tomás Rincón, Zé Rafael (Gabriel Bontempo) e Rollheiser (Luca Meirelles); Barreal (Thaciano), Soteldo (Mateus Xavier) e Tiquinho Soares (Deivid Washington).
Técnico: Cleber Xavier
Escobar foi ingenuamente expulso

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - O time cresceu defensivamente nos últimos jogos e vem trabalhando menos. Seguro no primeiro tempo e, a exceção do gol marcado e o outro anulado, foi mero espectador. - 5,5

Godoy - Os dois últimos jogos como titular foram em clássicos e visivelmente não tem confiança e personalidade para esse tipo de partida. - 4,0

Zé Ivaldo - Cometeu um erro ao marcar a bola e não Yuri Alberto no lance do gol. Melhorou a tomada de decisão na saída de bola, ainda pode mais, porém defensivamente pecou de forma fatal. - 4,5

Luan Peres - Com ritmo de jogo é o melhor zazgueiro Santista. Deu um passe de meia-armador nos primeiros minutos de jogo e mais uma vez foi seguro pelo alto. - 6,0

Escobar - Fez um dos piores tempos com a camisa do Santos no segundo. Deu espaço para Martínez cruzar para Yuri e foi expulso de forma infantil. Não é pelo cartão, é pela cena que fez com o time perdendo a partida. - 3,0

Rincón - Apesar de não ter velocidade, conhece os atalhos. Não vou falar que foi maravilhosamente bem, mas o meio-campo não fica tão esburacado quando joga o general. - 5,0

Zé Rafael - Ganhou cinco de sete duelos e teve aproveitamento de passe em 91%. Não jogava há mais de cinco meses, estreou no último jogo e já foi titular na sequência, então nitidamente estava sem ritmo e cansou na etapa final. Junto com Luan Peres os melhores do Peixe. - 6,0

Rollheiser - Se conseguir manter dois tempos na mesma intensidade vai ser um grande jogador, mas ainda não fez isso com a camisa Santista. Bom primeiro tempo, mas sumiu no segundo. - 5,0

Barreal - Fez bons 30 minutos iniciais depois caiu demais. Taticamente ajudou demais Godoy, mas produziu pouco. Não é ponta-direita de origem. Atua melhor como meio-campo pela esquerda. - 4,5

Tiquinho - Jogou 45 minutos com intensidade mediana, depois ficou mais 17 e foi para a exaustão. Fisicamente muito abaixo dos demais e seu jejum de cinco jogos sem marcar e 10 com bola rolando começa a preocupar. Três finalizações apenas, nos últimos três jogos, também é algo a se destacar negativamente. - 4,0

Soteldo - Era para fazer o jogo da sua vida pela fragilidade do lado direito defensivo rival - mas não fez. Se quiser ser um grande jogador, precisa finalizar. Perdeu uma grande chance na primeira etapa, porque preferiu o passe. Chega a terceira lesão de posterior seguida num intervalo de 50 dias. - 4,0

Bontempo - Ainda não está 100% da lesão muscular e não foi bem o Menino da Vila. Meio-campo adversário estava lhe engolindo na marcação. - 4,5

Deivid - Quando pegou uma bola de frente para o gol amarelou o adversário. Não sabe jogar de costas, e o elenco está acostumado com o estilo de Tiquinho, não do menino. - 4,5

Thaciano - SEM NOTA

Xavier - SEM NOTA

Luca - SEM NOTA
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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