TEM DIA QUE LITERALMENTE É NOITE

Publicado às 02:33 desta sexta-feira, 20 de outubro de 2023

(*) Pedro La Rocca

"Não é dia". A câmera de transmissão flagrou essa frase de Marcelo Fernandes logo após uma chance perdida pelo Santos no final da derrota sofrida por 3x1 para a equipe do Bragantino, que venceu apenas pela segunda vez o Peixe em Vila Belmiro por Campeonatos Brasileiros. Sasha (duas vezes) e Ramires marcaram para os visitantes, enquanto Léo Ortiz (contra) diminuiu.

Sem o suspenso Rincón e vendo Soteldo não ter condições de iniciar por ter jogado pela Venezuela na última terça-feira (17), o técnico Marcelo Fernandes optou pela entrada de Dodi na função de primeiro volante e de Maxi Silvera como o segundo atacante. 

Além disso, o treinador pôde contar com os retornos de Dodô e Lucas Lima, de fora por suspensão no clássico contra o Palmeiras. Messias e Nonato voltaram a ser opções no banco de reservas.

O começo de partida foi avassalador por parte do Santos, que aos 35 segundos de partida acertou a trave do inconfiável goleiro Cleiton, a partir de um chute do Lucas Lima. 

Aos quatro minutos, Silvera teve grande chance, mas finalizou sem força em cima do goleiro adversário.

Já era de conhecimento de todos que acompanharam a LIVE pré-jogo, realizada na última quarta-feira (18), que o Bragantino coloca muitos jogadores no setor onde está a bola para fazer triangulações, por isso até a falta que fez o Rincón foi nítida.

Aos oito minutos, a equipe visitante faz uma boa trama pelo seu lado esquerdo e após um bate-rebate, a bola sobra para Aderlan na entrada da área, que obriga o goleiro João Paulo a buscar a bola na gaveta. Porém, no rebote, o ex-Santista Eduardo Sasha estava lá para abrir o placar.

Como já diria Muricy Ramalho: "a bola pune". E assim ela fez com o Santos.

Com Kevyson aos 21 e Joaquim aos 24, o Peixe teve duas chances de empatar o jogo e que foram novamente desperdiçadas.

Em mais um momento de mérito técnico do adversário, os Bragantinos ampliaram o placar. Pelo lado esquerdo, o ótimo zagueiro Léo Ortiz lançou Matheus Gonçalves que fazia ultrapassagem pelo lado direito e o João Paulo chegou atrasado e cometeu pênalti. Sasha ampliou o placar.

Foi um primeiro tempo muito movimentado, desde os primeiros segundos de partida. Não atoa, o Peixe desceu para os vestiários com 18 finalizações e o seu adversário 12. Vencia aquele que soube aproveitar as chances que teve.

Quando levou o primeiro gol, o time Santista ficou claramente afoito para querer empatar logo o jogo e isso acabou prejudicando a equipe como um todo. A falta de confiança também foi perceptível.

Apesar disso, era possível o empate era possível na segunda etapa. 

O técnico Marcelo Fernandes voltou com Soteldo, Mendoza e Nonato e sem Silvera, Lucas Lima e Kevyson, voltando ao 4-3-3 tradicional da era Odair Hellmann.

O que também veio à tona novamente foi a maneira como o Peixe sofreu o terceiro gol, logo no primeiro minuto de segundo tempo. Helinho recebeu na linha de fundo e viu Eric Ramires na desastrosa entrada da área. O camisa sete, que acabara de entrar, chutou, a bola desviou em Joaquim e matou o goleiro João Paulo.

A bola aérea e a entrada da área defensiva do Santos são dois problemas que devem percorrer os arredores de Vila Belmiro desde 14 de abril de 1912. Ah, de novo, como faz falta o Rincón.

O gol logo no início da etapa final foi um baque para os Santista, que após uma primeira etapa enérgica, só foi criar uma grande chance aos 28 minutos, com uma jogada de Soteldo que rolou para o Patati isolar.

Aos 37 minutos me veio a prova que o Santos poderia atacar até o momento da publicação deste texto que não iria fazer gol. 

Mais uma jogada de Soteldo, porém pelo lado direito. O camisa 10 cruzou para Mendoza, que rolou para Furch. O argentino obrigou Cleiton a pegar com o pé e no rebote Patati ficou a centímetros de diminuir o placar, se não fosse o peito de Léo Ortiz tirar a bola em cima da linha.

Aos 39 outra chance. Soteldo serve Mendoza que finaliza e obriga Cleiton a espalmar. No rebote, Furch pega no susto de canela e não consegue completar.

Aos 40 finalmente o gol que não saía nunca e pelo mesmo caminho do lance anterior. Soteldo para Mendoza no fundo, que cruza para Furch. O camisa 11 foi antecipado por Léo Ortiz, que tocou contra o próprio patrimônio. A zika estava tão grande, que nem na abertura do placar Alvinegro, o gol foi de um Santista.

Mostra muito o que foi o jogo. O Santos finalizou 27 vezes e acertou oito (29,6%). O Bragantino finalizou 15 vezes e acertou as mesmas oito (53,3%). Conseguiram ser mais eficientes do que a equipe mandante.

É preciso ressaltar também que não foram nada legais as alterações do Marcelo no intervalo. Não tinha porque abdicar do 3-5-2, que apesar da derrota, vinha dando certo. O problema estava no aproveitamento das finalizações e não na quantidade de chance criadas. 

Com o 4-3-3 do segundo tempo, o time se tornou óbvio e deu ainda mais espaços para a equipe de Bragança Paulista fazer as suas organizadas movimentações. A nova formação inclusive, tirou a possibilidade do Joaquim trazer a bola para a lateral e fazer uma bola longa para o Marcos Leonardo, algo que vinha dando certo no primeiro tempo e que é um claro ponto fraco do time do português Pedro Caixinha.

Um placar parecido foi o do jogo contra o Cruzeiro, porém com grandes diferenças. Ali o time foi destruído, humilhado e amassado pelo hoje 15º colocado e muitos já cravavam a queda Alvinegra. Nessa quinta-feira (19), o Peixe perdeu por um (ou dois), como diria Parreira, mero detalhe: o gol.

O time de Vila Belmiro dormirá com uma grande dor de cabeça nos próximos dias, já que retornou à 17ª colocação. Apesar disso, está a apenas dois pontos atrás do 12º, o próximo adversário do Peixe, Internacional.

No próximo domingo (22), o Santos vai ao Beira-Rio sem Jean Lucas e João Paulo, suspensos pelo terceiro cartão amarelo. Por outro lado, terá o retorno do capitão Rincón. A partida acontecerá às 16 horas. 

FICHA TÉCNICA
SANTOS 1 X 3 RED BULL BRAGANTINO

Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Árbitro: Raphael Claus (Fifa-SP)
Cartões Amarelos: João Paulo, Jean Lucas, Dodi e Nonato (Santos); Luan Patrick (Bragantino).
Público: 12.850 torcedores
Renda: R$ 523.612,50

GOLS: Eduardo Sasha (Bragantino), aos 9' do 1ºT; Eduardo Sasha (Bragantino), aos 28' do 1ºT; Eric Ramires (Bragantino), aos 1' do 2ºT; Léo Ortiz (contra), aos 40' do 2ºT.

SANTOS: João Paulo; Joaquim, João Basso e Dodô; Lucas Braga, Dodi (Weslley Patati), Jean Lucas, Lucas Lima (Mendoza) e Kevyson (Nonato); Maxi Silvera (Soteldo) e Marcos Leonardo (Julio Furch).
Técnico: Marcelo Fernandes

BRAGANTINO: Cleiton; Aderlan, Luan Patrick, Léo Ortiz e Luan Cândido; Raul (Helinho), Matheus Fernandes (Eric Ramires) e Lucas Evangelista; Matheus Gonçalves (Jadsom), Vitinho (Sorriso) e Eduardo Sasha (Thiago Borbas).
Técnico: Pedro Caixinha
Após três jogos seguidos marcando, o Menino da Vila passou em branco dessa vez

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

João Paulo - Poderia ter evitado o pênalti que resultou no segundo gol, se não hesitasse na saída. Fez quatro defesas importantíssimas. - 5,0

Lucas Braga - É nítido como melhorou fisicamente e deu trabalho para o Luan Cândido na parte ofensiva. Ainda pode finalizar mais. Sumiu no decorrer do jogo. - 5,0

Joaquim - O melhor do time na partida. Apesar da infelicidade no terceiro gol e da sua deficiência no quesito confiança e na saída de bola, defensivamente foi crucial. Venceu 10 dos 11 duelos que teve na partida e deu nove desarmes. Precisa melhorar o seu mental. - 7,5

Basso - É um jogador que oscila muito e contra o Bragantino teve seu momento ruim. Partida abaixo do camisa dois, que não conseguiu segurar as movimentações do Sasha. - 4,0

Dodô - Sem a bola sofreu especialmente quando esteve pela lateral-esquerda no segundo tempo. No primeiro, alternou entre zaga e a região do volante. Ajuda na saída de bola. - 5,5

Kevyson - Ofensivamente mais uma vez muito bem nos 45 minutos que esteve em campo. Ainda precisa amadurecer algumas tomadas de decisão e melhorar muito a parte defensiva, estava mal posicionado na hora do pênalti. - 5,5

Dodi - Ainda não conseguiu retomar a boa fase que vimos no Paulistão. Rincón tem uma grande leitura defensiva, especialmente nas coberturas, Dodi não. - 3,0

Jean Lucas - Como segundo volante, a sua pior partida desde o retorno. Capitão da equipe, caiu junto com o time após sofrer o primeiro gol. Ter o Rincón na contenção faz crescer seu futebol. Tem muito crédito. - 4,0

Lucas Lima - Logo no início poderia ter feito um gol que mudaria a história do jogo, mas acertou a trave. Pode aparecer mais na entrada da área, como fez neste lance. Poderia sim sair no intervalo como aconteceu, mas se fosse para entrar um atacante, não o Nonato. - 4,5

Silvera - Mais uma boa partida do camisa 17, que pecou em finalizações, que mudariam a história do jogo, mas roubou bola, tem uma boa leitura tática e se coloca como uma opção ok para o Marcelo Fernandes ter no elenco. - 5,5

Marcos Leonardo - Um grande primeiro tempo, mas foi um dos que perdeu o ímpeto depois do terceiro gol logo no começo da etapa final. - 6,0

Soteldo - Mesmo cansado da viagem desde a Venezuela ao Brasil, o camisa 10 entrou e mudou a parte técnica do time, ainda que tenha demorado para entrar em campo. Precisa estar bem para atuar pelo menos 60 minutos contra o Internacional. - 6,0

Mendoza - Vai treinador, vem treinador e o camisa 20 segue recebendo novas chances. Foram desembolsados R$10 milhões, é um dos maiores salários do elenco, mas tem dificuldades cognitivas e não estou com ironia, tem hora que é nítido isso. Seus bons momentos são dentro da grande área, como fez dando assistência para o gol contra. - 3,0

Nonato - Foi pior que o titular Lucas Lima. Em 45 minutos perdeu 10 vezes a posse da bola e teve duas oportunidades boas para fazer o gol - perdeu ambas. - 3,0

Patati - Teve volume. Fez algumas jogadas individuais interessantes, mas nada incisivo. Mandou mal na finalização aos 28 minutos da etapa final, mas aos 37 contou com o azar do Léo Ortiz tirar com o peito em cima da linha. - 5,0

Furch - De novo entrou bem. Mostra que é o 12º jogador que o time precisa. Poderia ter entrado no intervalo, na minha visão. Sabe segurar a bola e tem presença de área. - 6,0
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo e repórter no Esporte por Esporte.

0 Comentários

BAIXE O MEU APLICATIVO

Acesse o Quentinhas do Quintino e fique sabendo tudo sobre o Peixe em tempo real.