O SANTOS É DE SANTOS E DOS SANTISTAS

Publicado às 01:02 desta terça-feira, 19 de setembro de 2023

(*) Pedro La Rocca

Já erraram demais. Chegou o momento de acertar, como Marcelo Fernandes acertou na vitória Santista contra o Bahia na partida mais decisiva do ano até aqui. De novo numa batalha memorável, o Peixe venceu os baianos fora de casa por 2x1. Cândido abriu o placar, Marcos Leonardo empatou e Julio Furch, de novo ele, virou para o Alvinegro. 

O Santos teve apenas dois treinamentos depois da demissão de Aguirre e o até então técnico interino fez muitas mudanças. Ele implementou o sistema com cinco defensores com (da direita à esquerda): Lucas Braga, Joaquim, Basso, Dodô e Kevyson.

Ele promoveu também a entrada de Rincón, Lucas Lima e Soteldo entre os titulares, além da colocação do Jean Lucas como volante, onde deve jogar.

Fernández (suspenso), Mendoza (machucado), Nonato, Caiçara e Messias foram os preteridos.

O esquema era claro. Kevyson com Dodô na sobra e Lucas Braga com Joaquim na sobra. Jogadores todos na posição correta e onde o Marcelo inovou, tinha uma explicação plausível.

Os primeiros cinco minutos foram totalmente do Peixe, que perdeu que deve pelo menos três chances de abrir o placar mais desperdiçou. O time claramente postado para sair em velocidade, faltou capricho. 

O Bahia teve duas grandes oportunidades. Uma aos 17 minutos com Cândido numa bola rebatida em que o lateral "chicotou" a cara dela e depois aos 33, com Yago Felipe que obrigou o João Paulo a ir buscar uma bola no "L" que divide a trave e o travessão. 

Os dois lances tiveram uma coisa em comum e que depois, no terceiro, o goleiro Santista não pôde fazer nada - o buraco na entrada da área.

Como o Bahia aparecia com muitos jogadores pisando na área, o Santos sofria com a inferioridade númerica.

Dali o Peixe sofreu o seu primeiro gol, aos 14 minutos, com Cândido. Ademir errou o cruzamento, o Peixe tirou mal e o lateral-esquerdo adversário foi servido na própria entrada da área. Do lance em diante, o problema foi resolvido.

O desequilíbrio entre os lados do campo também será motivo de melhora nos treinamentos, já que pela esquerda o Santos atacava com Soteldo, Jean Lucas e Kevyson, e pela esquerda Lucas Braga implorava pela aproximação do Lucas Lima.

A partir daí só alegria para o Santista. 

Aos 27 minutos, Soteldo teve chance de cobrar falta direta para o gol, mas preferiu o cruzamento na segunda trave e encontrou Joaquim livre. O zagueiro cabeceou para o meio da área e Marcos Leonardo completou.

O gol da virada saiu aos 48, mas já aos 46 o Marcelo Fernandes. O iluminado Julio Furch entrou e dois minutos depois fez o gol da virada com mais uma assistência do Joaquim.

Futebol é simples. Futebol é bola, na rede inclusive. Para que inventar, trazer gaúchos e mais gaúchos, invenções mirabolantes, se de Santos, quem conhece são os Santistas. Já erraram demais durante dois anos e nove meses, chegou a hora de acertar, para tentar evitar a mancha na mais bela página da história do futebol mundial

Vitória de virada, pela segunda vez vencendo fora de casa, organização tática, gols de bola aérea e com todos os jogadores correndo um pelo outro.

O elenco gosta de Marcelo Fernandes e ele conhece do riscado de Vila Belmiro. Já erraram muito quando mandaram esse competentíssimo auxiliar\treinador embora a pedido de Lisca e Chumbinho.

Com apenas dois dias de treinamento já foi visto um time completamente diferente. 

O Santos ainda se encontra na zona de rebaixamento, porém agora a um ponto apenas de sair dela, inclusive a três do rival Corinthians. 

Serão quase duas semanas de preparação até o próximo jogo contra o Vasco, no dia 01\10. A parte jurídica do Santos precisa conseguir a liminar pelo retorno do torcedor. Os adversários precisam para ontem, voltar a sentir o peso de Urbano Caldeira.

O time ainda tem, apesar da vitória, muitos ajustes a se fazer. Espero, de verdade, que Marcelo Fernandes esteja no comando até lá, porque ainda que os jogadores são sejam brilhantes tecnicamente, eles correm pelo interino.

O Santos é de Santos. Eu diria mais - é de Santos e dos Santistas.

FICHA TÉCNICA
BAHIA 1 X 2 SANTOS

Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA)
Árbitro: Ramon Abatti Abel (Fifa-SC)
Cartões amarelos: Lucas Mugni (Bahia); Joaquim (Santos)

GOLS: Camilo, aos 14 do 2ºT (Bahia); Marcos Leonardo, aos 27 do 2ºT,e  Furch, aos 47 do 2ºT (Santos)

BAHIA: Marcos Felipe; Gilberto, Kanu, Victor Hugo e Camilo Cándido; Acevedo, Yago Felipe (Lucas Mugni) e Thaciano; Ademir (Juba), Rafael Ratão (Biel) e Everaldo (Vinicius Mingotti)
Técnico: Rogério Ceni

SANTOS: João Paulo; Joaquim, João Basso e Dodô; Lucas Braga, Rincón, Jean Lucas, Lucas Lima (Nonato) e Kevyson (Júnior Caiçara); Soteldo (Dodi) e Marcos Leonardo (Furch).
Técnico: Marcelo Fernandes (interino)
O nome da partida se chama Marcelo Fernandes

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

João Paulo - Fez duas defesas no primeiro tempo dignas de Papa João Paulo III e no último lance do jogo abafou uma bola nos pés de Biel. Poderia estar melhor posicionado no gol do adversário. - 6,0

Lucas Braga - Defensivamente sofreu levemente, mas teve sempre o Joaquim na cobertura. Foram se entendendo com o tempo. Faltou ajuda na parte ofensiva, recebia a bola sempre isolado para tentar o drible longo. Não tinha porque estar no meio da área, se a entrada da área estivesse protegida, e assim deixar o lado direito descoberto no lance do gol adversário. - 4,5

Joaquim - Ficou na responsabilidade da cobertura das costas do Braga e cumpriu a função. Deu as duas assistências da virada. Liderou a partida em desarmes (cinco) - 7,5

Basso - Menos protagonista, seja para o bem, ou para o mal. Não tentou inventar muito para não se complicar, foi na base do bola para o mato que o jogo é de campeonato. Foi o líbero do trio de zaga. Dos zagueiros disponíveis, é o que tem a melhor saída de bola. - 6,0

Dodô - Me surpreendeu positivamente. Foi colocado como terceiro zagueiro por motivos como: Não tem mais a mesma explosão e nem o mesmo poder de marcação mano a mano. Ajuda na saída de bola. Reagiu bem a uma posição que nunca havia atuado na carreira. - 6,0

Kevyson - Apesar de um erro que quase custou a abertura do placar para o adversário no primeiro tempo, o Menino da Vila não sentiu a pressão e teve seu jogo potencializado por ter cobertura atrás. Lateral de uma explosão absurda. - 6,0

Rincón - Deve bater em tudo que vê pela frente, mas bate corretamente. Cansou no final, mas correu muito mais do que inclusive ele poderia pela questão do ritmo de jogo. - 7,0

Jean Lucas - Quando joga de segundo volante é outra história. Puxou muitos contra-ataques que foram desperdiçados pelo ataque Santista e como ajuda na saída de bola. É o desafogo num time que sofre tecnicamente na parte de trás, ainda mais quando foi deslocado para meia-armador com a entrada do Nonato. - 7,0

Lucas Lima - Se desliga do jogo em alguns momentos. Foi importante como o arco Santista para as situações de contra-ataque. - 5,0

Soteldo - Jogando livre pelo campo se torna um jogador muito difícil de se marcar e que contribui muito com o time. Pode ser mais objetivo, mas tende muito a crescer se o Marcelo permanecer. - 6,0

Marcos Leonardo - Dentro da área, é caixa. Se posiciona sempre bem e dá para ver que o último jogo ruim não o abalou. - 7,5

Nonato - Ainda tímido em campo. Com o time empatando ou vencendo, poderia ser mais vertical. - 5,0

Caiçara - Fisicamente está muito abaixo. Vai precisar focar na parte física neste período sem partidas, senão vai ficar muito atrás dos demais. Mais uma vez sofreu na marcação. - 5,0

Furch - O talismã. Iluminado, já fez dois gols nos acréscimos desde que desembarcou em Vila Belmiro. - 8,0

Dodi - SEM NOTA

(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo e repórter na Rádio Zero9.

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