O RESGATE DE AUTOESTIMA DO SANTISTA

Publicado às 14h15 deste sábado, 20 de junho de 2020.
Sem a bola rolar no Estado de São Paulo, em razão da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus-19; neste domingo (21), a Rede Bandeirante de Televisão vai reapresentar as 16h, a grande semifinal do Campeonato Brasileiro de 1995 diante do Fluminense-RJ, que marcou uma virada histórica do Peixe por 5 a 2 após perder o jogo de ida por 4 a 1, e o credenciou para a decisão da competição nacional daquele ano. 


Eu, infelizmente, não vi Pelé atuar. Não tive o privilégio de ver o esquadrão santista dos anos 60, que entrava em campo e aniquilava os adversários. Mas já disse ao meu filho e poderei falar aos meus netos, que tive a felicidade de ver G10vanni levar o Peixe a uma decisão de Campeonato Brasileiro, com uma atuação digna do Rei do Futebol. 

Já se vão quase 25 anos daquele 10 de dezembro de 1995 de uma vitória inesquecível.  Sem medo de errar – Foi o grande jogo da minha vida. Como diz o hino do Santos - "Um passado e um presente só de glórias", portanto vamos relembrar.

O Peixe havia sido derrotado por 4 a 1 pelo mesmo adversário, no Rio de Janeiro, poucos dias antes no Maracanã. Ainda teve dois jogadores expulsos - Robert e Jamelli, que desfalcariam o time na volta. Justo dois dos mais fundamentais do time. Os jogadores do tricolor carioca comemoram após a partida na cidade maravilhosa na churrascaria Porcão, a classificação a decisão do campeonato. Coitados, estavam errados. Eles tinham a vantagem e o Santos tinha um time recheado de jovens talentosos e G10vanni.

Reverter essa desvantagem não era fácil. Mas o Santos conseguiu. O que o time alvinegro jogou naquele começo de noite foi algo impensável e inesquecível, coisa de cinema. E o que G10vanni fez com a bola também ficou marcado para sempre. Uma atuação de gala que rendeu o apelido de “Messias” tamanha sua genialidade e premonição sobre o que ia acontecer.

G10vanni beija a bola no último treino antes de encarar o Fluminense na semifinal de 1995.
O camisa 10 e melhor jogador daquele ano, disse após a derrota no Maracanã:
Nós vamos vencer e eu vou fazer dois gols”. profetizou e antecipou G10.
Fazer três gols e não levar nenhum. Como? Será preciso apoio maciço da torcida. Os jogadores terão que jogar como jamais jogaram naquele Campeonato. Só mesmo com uma apresentação digna de Pelé. E G10vanni fez a maior apresentação de um jogador de futebol que eu já vi, em 42 anos que acompanho esse esporte.

O homem que pintou os cabelos de louro acobreado resgatou a auto-estima do torcedor, pois o Santos estava divorciado com os títulos há algum tempo e limitava-se a sorrir apenas nas vitórias nos clássicos regionais. O calado, porém neste dia "endiabrado" paraense, marcou dois gols e deu três assistências na partida.

O Pacaembu estava lotado e maravilhosamente lindo todo de branco e preto. O torcedor acreditou e empurrou o time deste o início. No primeiro tempo, G10vanni marcou um de pênalti e outro na raça, batendo de bico, após chegar a frente do defensor tricolor que veio para a divida de carrinho.

O time não desceu para o vestiário no intervalo.
Após o termino dos primeiros 45 minutos, os santistas não foram para o vestiário e permaneceram em campo, pra ficar no calor do jogo. Incrível. Emocionante. De arrepiar. A energia da torcida com o time era coisa de outro mundo.

Começa a etapa complementar e mais um gol, desta vez de Macedo. A missão estava cumprida. Eram os cariocas que acharam que a classificação estava garantida com a vantagem construída no Maracanã que teriam de correr atrás. Porém, o Fluminense diminui um minuto depois.

Mas o Santos tinha G10vanni e ele rouba a bola do zagueiro Alê , conta com a sorte após dividir com o goleiro Wellerson e a bola chega em Camanducaia - 4 a 1. Em seguida, nova jogada do dono do Campeonato. De calcanhar, rola para Marcelo Passos marcar o quinto gol. Era a apoteose e o delírio da Nação Santista. 

Parecia carnaval nas arquibancadas. Uns sorriam, outros se abraçavam, alguns pulavam e eu, que ainda não era cronista esportivo, chorava copiosamente de alegria na arquibancada verde do próprio da municipalidade paulistana.

G10vanni pede o apoio do torcedor no Pacaembu "embebecido" de alegria.
O Flu ainda diminui, mas não havia mais tempo para nada. Apita o juiz - 5 a 2. Inacreditável. Eu, em estado catatônico não acreditava no que tinha visto. Já amava o futebol de G10, mas ali ela ganhava cadeira cativa no meu coração, como o meu maior ídolo no futebol. O que era impossível, aconteceu.

Apesar do título ter sido "garfado" sete dias depois, em razão dos erros do árbitro (recuso-me a escrever o nome desse cidadão novamente), na decisão contra o Botafogo-RJ, considero esta partida contra o Fluminense, a mais improvável e mais fantástica atuação de um jogador que presenciei no estádio. Sim, eu estava lá e vi tudo "in loco".

Uma pena aquele elenco não ter dado a volta olímpica, como os verdadeiros campeões brasileiros. 

FICHA DE TÉCNICA
SANTOS 5X2 FLUMINENSE
Data: 10/12/2195
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo (SP)
Juiz: Sidrack Marinho
Público: 28.090 pessoas (o tobogã estava interditado neste jogo, por isso o público reduzido)
Gols: Giovanni-SAN, aos 25 e aos 29´ do 1º T; Macedo-SAN, aos 5´, Rogerinho-FLU, aos 6´, Camanducaia-SAN, aos 16´, Marcelo Passos-SAN, aos 38´ e Rogerinho-FLU, aos 39´do 2º T).
SANTOS: Edinho; Marquinhos Capixaba, Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Gallo, Carlinhos, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado, depois Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo. Técnico Cabralzinho.
FLUMINENSE: Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Aílton e Rogerinho; Renato Gaúcho e Valdeir (Leonardo). Técnico: Joel Santana.

strutura.com.br

BAIXE O MEU APLICATIVO

Acesse o Quentinhas do Quintino e fique sabendo tudo sobre o Peixe em tempo real.