Publicado às 13h27 desta quarta-feira, 10 de dezembro de 2014. |
Eu, infelizmente, não vi Pelé jogar. Não tive o privilégio de ver o esquadrão santista dos anos 60, que entrava em campo e aniquiliva os adversários. Mas, vou poder dizer aos meus descendentes que vi G10vanni levar o Peixe a uma decisão de Campeonato Brasileiro, com uma atuação digna do Rei do Futebol. Hoje completam-se 19 anos de uma vitória histórica e inesquecível do alvinegro praiano sobre o Fluminense por 5 a 2, no estádio do Pacaembu, pelo jogo de volta da semifinal.
Como diz o hino do Santos - "Um passado e um presente só de glorias", portanto vamos relembrar.
O Peixe havia sido derrotado por 4 a 1 pelo mesmo adversário, no Rio de Janeiro. Ainda teve dois jogadores expulsos - Robert e Jamelli, que desfalcariam o time na volta. Justo dois dos mais fundamentais do time. Reverter essa desvantagem não era fácil. Mas o Peixe conseguiu. O que o time alvinegro jogou naquele começo de noite foi algo impensável e inesquecível, coisa de cinema. E o que G10vanni fez com a bola também ficou marcado para sempre. Uma atuação de gala que rendeu o apelido de “Messias” tamanha sua genialidade e premonição sobre o que ia acontecer.
Histórica foto após o Peixe marcar o primeiro gol no Pacaembu. |
O camisa 10 e melhor jogador daquele ano, disse após a derrota no Maracanã:
“Nós vamos vencer e eu vou fazer dois gols”. profetizou.
Fazer três gols e não levar nenhum. Como? Será preciso apoio maciço da torcida. Os jogadores terão que jogar como jamais jogaram naquele Campeonato. Só mesmo com uma apresentação digna de Pelé. E G10vanni fez a maior apresentação de um jogador de futebol que eu já vi, em 36 anos que acompanho esse esporte.
O homem que pintou os cabelos de louro acobreado resgatou a auto-estima do torcedor, pois o Santos estava divorciado com os títulos há algum tempo e limitava-se a sorrir apenas nas vitórias nos clássicos regionais. O calado, porém neste dia "endiabrado" paraense, marcou dois gols e deu três assistências.
O Pacaembu estava lotado e maravilhosamente todo de branco e preto. O torcedor acreditou e empurrou o time deste o ínicio. No primeiro tempo, G10vanni marcou um de pênalti e outro na raça, batendo de bico, após chegar a frente do defensor tricolor que veio para a divida.
Após o termino dos primeiros 45 minutos, os santistas não vão para o vestiário e permanecem em campo, pra ficar no calor do jogo. Incrível. Emocionante.
Começa a etapa complementar e mais um gol, desta vez de Macedo. A missão estava cumprida. Eram os cariocas que acharam que a classificação estava garantida com a vantagem construída no Maracanã que teriam que correr atrás. Porém, o Fluminense diminui um minuto depois.
Mas o Santos tinha G10vanni e ele rouba a bola do zagueiro Alê , conta com a sorte após dividir com o goleiro e a bola chega em Camanducaia - 4 a 1. Em seguida, nova jogada do dono do Campeonato. De calcanhar, rola para Marcelo Passos marcar o quinto gol. Era a apoteose e o delírio da Nação Santista. Parecia carnaval nas arquibancadas. Uns sorriam, outros se abraçavam, alguns pulavam.
O Flu ainda diminui, mas não havia mais tempo para nada. Apita o juiz - 5 a 2. Inacreditável. Eu chorava copiosamente na arquibancada do próprio da municipalidade paulistana (ainda não era repórter), e não acreditava no que tinha visto. Já amava o futebol de G10, mas ali ela ganhava cadeira cativa no meu coração, como o meu maior ídolo no futebol. O que era impossível, aconteceu.
- Narração do saudoso Luciano do Valle.
Apesar do título ter sido "garfado" sete dias depois, em razão dos erros do árbitro (recuso-me a escrever o nome desse cidadão novamente), na decisão contra o Botafogo-RJ, considero esta partida contra o Fluminense, o grande jogo da minha vida. Uma pena aquele elenco não ter dado a volta olímpica, como os verdadeiros campeões brasileiros.
FICHA DE TÉCNICA
SANTOS 5X2 FLUMINENSE
Data: 10/12/2195
Data: 10/12/2195
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo (SP)
Juiz: Sidrack Marinho
Público: 28.090 pessoas (o tobogã estava interditado neste jogo, por isso o público reduzida)
SANTOS: Edinho; Marquinhos Capixaba, Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Gallo, Carlinhos, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado, depois Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo. Técnico: Cabralzinho.
FLUMINENSE: Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Aílton e Rogerinho; Renato Gaúcho e Valdeir (Leonardo). Técnico: Joel Santana.
(Gols: Giovanni-SAN, aos 25 e aos 29´ do 1º T; Macedo-SAN, aos 5´, Rogerinho-FLU, aos 6´, Camanducaia-SAN, aos 16´, Marcelo Passos-SAN, aos 38´ e Rogerinho-FLU, aos 39´do 2º T).