AGONIA E VICE-LANTERNA

Publicado às 22:03 deste domingo, 04 de maio de 2025
(*) Pedro La Rocca

Só não há buraco mais embaixo, porque o Sport não faz e dificilmente fará sua parte, permanecendo na lanterna. Porém o Peixe é o penúltimo colocado da competição. São cinco derrotas em sete jogos - agora para o Grêmio por 1x0. Era um jogo de seis pontos e a oportunidade de saltar várias posições, que foi desperdiçada pelo Santos com gol de Cristian Olivera na reta final de jogo. 

Cléber Xavier fez seis alterações no time titular e em todos os setores. Luisão e Luan Peres foram novidades na defesa nas vagas de Aderlan e Gil. Rincón e Thaciano ganharam chance no meio nos lugares de Pituca e Verón. Soteldo, após quatro jogos fora, e Deivid tomaram a titularidade de Guilherme, lesionado, e Tiquinho.

Nos primeiros 10 minutos eu estava muito preocupado com o desenrolar daquela partida, porque Luisão e Luan Peres já estavam pendurados. Inclusive, o camisa 14 que não era titular há 10 partidas, poderia ter cometido um pênalti e sido expulso se a análise da arbitragem fosse mais rigorosa.

Mas depois, de forma inteligente, Xavier deixou Rollheiser por dentro, lado a lado com Deivid, e passou Thaciano para auxiliar Luisão do lado direito. A partir dali acabou a farra de Cristian Oliveira - que estava deitando no lateral improvisado.

O Peixe se aproveitou do péssimo meio-campo gremista para fazer em pelo menos três oportunidades no primeiro tempo, jogadas de contra-ataque puxadas por Deivid, que encontrava Soteldo para jogada individual. Criação de oportunidades não faltou, mas a finalização sim. 

O segundo tempo de Cleber Xavier foi decepcionante, para não dizer outra coisa. E já começou no intervalo, com a manutenção de Luisão, mesmo amarelado e visivelmente nervoso.

Com 61 minutos, o treinador tirou Rollheiser para colocar Bontempo. O fato de ter o Menino da Vila em campo era interessante, mas sem tirar a cabeça pensante do time. Junto a Deivid, o argentino era quem estava fazendo a bola chegar em Soteldo e criando superioridade nos lados do campo.

Com 74, Xavier deu tudo que o Grêmio queria - espaço para jogar. Trocar Deivid por Tiquinho foi uma troca interessante, tendo em vista que os gaúchos perdiam todas no alto, mas a saída de Escobar e a entrada de Kevyson, que não jogava desde 19/02, prejudicou o time.

"O Escobar quase não vem para o jogo. Esperamos para decidir a entrada dele até o meio-dia, sentiu um pequeno desconforto, mas foi medicado, veio e jogou. Fiz o sinal para ver se ele tinha condições, foi até o seu máximo e esperamos que a gente não tenha prejudicado o atleta nesse sentido. Ele pediu para sair, a gente até pensava que ele não chegaria até onde chegou", disse o treinador do Peixe.

 Dois minutos após a troca saiu o gol do adversário com uma sucessão de erros. Kevyson fez uma antecipação errada e permitiu o cruzamento. Luan Peres furou. Luisão jogou contra todo o manual do defensor - tirando para o meio da área e, no rebote, dando muito espaço a Cristian Olivera.

Sabe aquele ditado popular no mundo do futebol: "Jogou como nunca, perdeu como sempre". Então, para o Santos vale um perdeu como quase sempre, porque já são cinco derrotas em sete jogos no Brasileiro - como dito no início do texto.

Repetindo o que acontecia muitas vezes com Caixinha, o plano de jogo de Xavier, com ressalvas, foi interessante e deu certo no primeiro tempo - contando a fragilidade gremista do meio para trás. Mas pecou demais nas escolhas no decorrer da partida. 

Luan Peres começa mal o jogo e termina dessa forma, mas se deu bem com Zé Ivaldo, principalmente por ser um zagueiro que ganha campo quando tem a bola e consegue ser mais uma peça ofensiva na construção.

Rincón preenche espaços como ninguém e, se a meritocracia é uma tônica dentro do Peixe, precisa ser o primeiro volante titular até a contratação de um mais rápido - que se faz necessário.

Soteldo entrega mais para o time do que Guilherme, principalmente para o centroavante. Inclusive deixou Deivid na cara do gol no primeiro tempo. O Menino da Vila também gera mais mobilidade para o ataque.

O Peixe foi ao sul do país para empatar, mas poderia ter saído com a segunda vitória no nacional se as escolhas fossem tão bem sucedidas quanto o plano de jogo, que repito, teve seus erros, mas muito mais acertos.

"Faltam 31 jogos", alguns dizem. Mas também esquecem, que estamos em maio e o Peixe só venceu dois jogos no ano sem Neymar - o último foi o clássico contra o São Paulo ainda na primeira fase do Paulistão. 

Serão cinco jogos que antecedem a parada para o Mundial de Clubes. Ceará e Botafogo em casa. Vitória, Corinthians e Fortaleza fora. O Alvinegro precisa somar pelo menos nove dos 15 pontos possíveis e chegar na parada fora da zona de rebaixamento, para que haja menos pressão durante o período, que será crucial para corrigir erros que foram cometidos em abundância pela diretoria.

FICHA TÉCNICA
GRÊMIO 1 X SANTOS

Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre, RS
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo
Cartões amarelos: Igor, Braithwaite, Kannemann, Marlon, Edenilson (Grêmio); Luan Peres, Luisão (Santos)

GOL: Cristian Olivera, aos 31 do 2ºT (Grêmio)

GRÊMIO: Tiago Volpi; Igor, Jemerson, Wagner Leonardo e Marlon; Cuéllar (Camilo), Dodi, Edenilson (Alysson), Cristaldo (Monsalve) e Cristian Olivera (Arezo); Braithwaite (Viery)
Técnico: Mano Menezes

SANTOS: Gabriel Brazão; Luisão (JP Chermont), Zé Ivaldo, Luan Peres e Escobar (Kevyson); Tomás Rincón, João Schmidt (Mateus Xavier) e Thaciano; Rollheiser (Gabriel Bontempo), Deivid Washington (Tiquinho Soares) e Soteldo
Técnico: Cléber Xavier
Deivid fez seu primeiro jogo como titular desde o retorno à Vila
NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS 

Brazão - Fez uma grande defesa no início de jogo, depois, apesar do gol sofrido onde não teve culpa, foi um mero espectador. - 6,0

Luisão - Nitidamente sem confiança alguma. Vai sonhar com Cristian Olivera. - 3,0

Zé Ivaldo - Foi o menos acionado da defesa, mas nos duelos pelo chão ganhou todos. Encontrou bons passes entrelinhas. - 6,0

Luan Peres - Poderia ter colocado a partida por água abaixo no começo do jogo, pois poderia ter sido expulso - não foi - e cometido um pênalti - também não marcado. Depois cresceu e foi bem inclusive no jogo aéreo. Saída de bola melhora com o camisa 14 no time. Apesar de tudo isso falha no gol adversário. Uma furada digna de quem não jogava há oito partidas e não era titular há 10. Sem ritmo de jogo algum. - 4,5

Escobar - Junto a Zé Ivaldo o mais regular da defesa. Sempre com a deficiência técnica, mas bem demais na marcação. - 6,0

Schmidt - Ainda longe do ideal, foi seu melhor jogo no Brasileirão - inclusive pisando na área. O meio-campo gremista não era tão participativo e pessimamente posicionado, o que lhe ajudou. - 5,0

Rincón - Longe de ser uma assumidade, mas faz o preenchimento de espaço melhor que seu companheiro de volância. Depende muito do ritmo de jogo. - 5,5

Thaciano - Começou por dentro e sumido, depois foi para o lado direito e a festa de Cristian Olivera temporariamente acabou. Jogador taticamente aplicado. - 6,0

Rollheiser - Jogou nos três corredores e ajudou demais Soteldo com tabelas. Vou cansar de dizer, precisa finalizar mais. Sua média no quesito caiu em quase 90% desde a época de Estudiantes. Tem capacidade para isso. - 6,5

Deivid - Muito bem para puxar contra-ataques e abrir espaços, mas pecou naquilo que manda o manual do centroavante - finalizar. Deixou Soteldo em condições de fazer jogadas individuais em pelo menos quatro oportunidades. - 6,0

Soteldo - Sem dúvida o melhor do jogo. Mesmo de fora dos últimos quatro jogos por problema muscular conseguiu jogar até o final. Deu quatro passes chaves, deixando companheiros na cara do gol. - 7,0

Bontempo - Entrou como meia-armador, função que até fazia na base, mas nunca foi especialista nela. Quando foi para a direita e depois segundo volante já era tarde demais. - 5,5

Tiquinho - Conseguiu finalizar uma pelo alto, mas sem sucesso. Mesmo sem perigo, foi a única finalização no gol do Peixe na partida. - 6,0

Kevyson - Estava claramente sem ritmo de jogo e afobado. Tanto que errou os dois botes que resultaram no gol adversário. - 4,5

Xavier - SEM NOTA

Chermont - SEM NOTA
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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